Uso de expressão "vírus da China" causou aumento de discurso de ódio
O novo coronavírus começou a ser referido como "vírus da China" por Donald Trump, em março do ano passado. Estudo relaciona essa expressão com o aumento de ódio racial contra a comunidade asiática.
© RINGO CHIU/AFP via Getty Images
Mundo Violência racial
De acordo com investigadores norte-americanos, um único tuíte feito por Donald Trump em março de 2020, onde se referiu pela primeira vez ao coronavírus como "vírus da China" ou "vírus chinês", garantiu a normalização da expressão e espoletou uma onda de ódio racial contra a comunidade asiático-americana, seguido de um aumento significativo de ataques contra membros desta comunidade.
"Na semana antes daquele tuíte, o termo dominante [no Twitter] era 'Covid-19'. Na semana depois do tuíte, passou a ser 'vírus da China'", indicou Yulin Hswen, professor de epidemiologia na Universidade da Califórnia, em São Francisco, e coautor do estudo.
Segundo o Washington Post, o docente está entre um grupo de investigadores que analisaram centenas de milhares de 'hashtags', antes e depois do antigo presidente republicano ter feito menção pela primeira vez a um "vírus da China" nas redes sociais.
A conclusão de estudo, já revisto pelos pares e publicado no American Journal of Public Health, é que não só as pessoas começaram a usar mais aquela expressão como aqueles que a usavam eram mais propensas a incluir outras expressões de ódio racial contra asiáticos nas suas publicações.
Estas descobertas chegam numa altura em que os Estados Unidos, em particular, assistem a um aumento significativo de ataques contra cidadãos asiático-americanos, que alguns atribuem à retórica anti-China de Donald Trump durante a gestão da pandemia. Sublinhe-se que o antigo presidente falou em "China virus" e em "kung flu" nas suas conferências de imprensa a partir da Casa Branca, ambas expressões com forte teor racial.
As conclusões são apresentadas depois de um homem de 21 anos de idade ter matado oito pessoas em três salões de massagens asiáticos da cidade norte-americana de Atlanta, na Geórgia. Entre as vítimas, seis eram mulheres asiáticas.
Na mesma semana, em São Francisco, na Califórnia, um homem esmurrou duas pessoas asiáticas num ataque não provocado. Primeiro, um idoso de 83 anos de idade e depois uma idosa de 76. Esta, porém, defendeu-se.
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