"Do ponto de vista da União Europeia (UE), a relação com a Rússia só poderá ter uma direção diferente se houver progresso sustentado em questões como a implementação do acordo de Minsk [tratado assinado em 2014 para pôr fim à guerra no leste da Ucrânia], o fim dos ciberataques e das [ameaças] híbridas aos Estados-membros e o respeito pelos direitos humanos", lê-se num resumo da conversa entre os dois líderes publicada pelo Conselho Europeu.
Numa altura em que os líderes dos 27 Estados-membros se preparam para ter um "debate estratégico" sobre a Rússia na próxima quinta e sexta-feira, Charles Michel disse também a Vladimir Putin que as relações entre Bruxelas e Moscovo se encontram "num ponto baixo", havendo "desacordos em muitas áreas".
No que se refere à detenção do opositor russo Alexei Navalny - que motivou a introdução de sanções, pela UE, a quatro responsáveis de alto nível russo em 02 de março - o presidente do Conselho Europeu reiterou o apelo para que "as autoridades russas libertem Navalny e prossigam com uma investigação transparente sobre a sua tentativa de homicídio".
Segundo o Conselho Europeu, os dois líderes falaram ainda sobre a "pandemia de covid-19 e as vacinas", assim como de outras "questões globais e regionais".
A conversa entre Charles Michel e Vladimir Putin ocorre numa altura em que os líderes dos 27 irão ter "um debate estratégico" sobre a Rússia na próxima quinta e sexta-feira, após o Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Josep Borrell, se ter deslocado a Moscovo entre 04 e 06 de fevereiro para uma visita que o próprio qualificou de "muito complicada".
Após o seu regresso, o chefe da diplomacia europeia reconheceu que a Rússia está a "trilhar um caminho autoritário preocupante", e disse estar "muito preocupado" com as "escolhas que as autoridades russas estão a tomar".
"Estamos perante uma encruzilhada nas nossas relações com a Rússia e as escolhas que fizermos irão determinar as dinâmicas internacionais de poder deste século e, particularmente, se iremos avançar para um modelo mais cooperativo ou mais polarizado, baseado em sociedades fechadas ou em sociedades livres", apontou Josep Borrell na altura.