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Falta de água na Somália obriga mais de 83 mil a deslocarem-se em 4 meses

Mais de 83.300 pessoas foram deslocadas na Somália nos últimos quatro meses devido à falta de água, anunciou hoje o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA).

Falta de água na Somália obriga mais de 83 mil a deslocarem-se em 4 meses
Notícias ao Minuto

10:44 - 23/03/21 por Lusa

Mundo Água

As áreas mais afetadas são as regiões de Somalilândia, Puntland, Galmudug, Hirshabelle e Jubaland, que relataram "condições de seca extrema e escassez de água".

Esta crise "é um forte lembrete de que precisamos urgentemente de soluções de desenvolvimento sustentável a longo prazo para complementar a ação humanitária e abordar as causas profundas das crises climáticas recorrentes na Somália", disse o coordenador humanitário da ONU no país, Adam Abdelmoula.

O OCHA prevê que pelo menos 3,4 milhões de pessoas possam ser afetadas este ano pela escassez de água neste país.

"Estamos a contar que, até 2021, a escassez de água amplie o risco de surtos de doenças transmissíveis, como a diarreia aguda, aumente a vulnerabilidade das populações já em risco e exacerbe a insegurança alimentar", avisou Abdelmoula.

De acordo com a organização Save The Children, 70% das famílias na Somália não têm acesso a água potável e "milhares de crianças dependem agora de camiões de água de emergência e poços desprotegidos ou são forçadas a abandonar as suas casas em busca de água".

O coordenador humanitário salientou que a situação é "difícil para mulheres e crianças, especialmente raparigas", uma vez que a escassez "aumenta a carga de cuidados necessários para recolher água, bem como o risco de abuso e violência baseada no género".

Nos últimos dez anos, o acesso e utilização de água potável e saneamento melhorou muito na Somália, de acordo com a ONU.

Mais de metade da população somali tinha acesso básico a água potável segura em 2019, contra 20% em 2010, mas, "apesar deste progresso, ainda há muito a fazer", acrescentou OCHA.

A Somália vive num estado de guerra e caos desde 1991, quando o ditador Mohamed Siad Barre foi derrubado, deixando o país sem um Governo eficaz e nas mãos de milícias e senhores da guerra islâmicos.

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