"Reafirmamos que, infelizmente, medicações como hidroxicloroquina/cloroquina, ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e colchicina, entre outras drogas, não possuem eficácia científica comprovada de benefício no tratamento ou prevenção da covid-19, quer seja na prevenção, na fase inicial ou nas fases avançadas dessa doença, sendo que, portanto, a utilização desses fármacos deve ser banida", diz a AMB num comunicado.
O posicionamento de hoje contraria um anterior, emitido em julho último, quando a entidade defendeu a "autonomia do médico" para receitar os medicamentos.
No texto hoje difundido, a AMB frisou a necessidade de adoções de medidas para travar a disseminação do novo coornavírus, como a necessidade de acelerar a vacinação, manter o isolamento social, o uso de máscaras, assim como a necessidade de ação por parte das autoridades do Brasil para solucionar a falta de medicamentos no atendimento de pacientes internados.
"A variante P1 [detetada no Amazonas] do coronavírus, que já circula em grande parte do Brasil, possui capacidade de transmissão consideravelmente maior do que o vírus original, impondo risco adicional a todos os brasileiros - de todas as faixas etárias, o que reforça a necessidade do isolamento e de normativas de 'lockdow'n por regiões críticas, para conter o crescimento da curva de casos e de mortes", defende o documento.
A associação, que apela a uma ação unificada de vários setores da sociedade no combate à pandemia, criticou ainda a disseminação de 'fake news' que "desorientam pacientes", salientando que profissionais de saúde encontram-se "exaustos" e em "número insuficiente em diversas regiões" do país.
"Reiteramos que o Brasil requer ações unificadas e coordenadas de combate à coivd-19, dos governantes das esferas federal, estadual e municipal incluindo ações coordenadas de todos os Ministérios, e gestores públicos e privados da saúde, sem qualquer resquício de ideologias e interesses políticos", aponta o texto.
De acordo com a AMB, a "solução para a covid-19" será "resultado das atitudes responsáveis e solidárias de cada um dos cidadãos do país e das autoridades públicas responsáveis por implantar as medidas efetivas que se fazem necessárias para mitigar a enorme dor e sofrimento da população brasileira".
O posicionamento da associação médica contraria a retórica de Jair Bolsonaro, que, desde o início da pandemia, tem promovido o uso de medicamentos sem comprovação científica contra o novo coronavírus, como a cloroquina, criticado o uso de máscara, e criticado duramente as medidas de isolamento social adotadas por governadores e prefeitos.
O Brasil, que atravessa o pior momento da pandemia, é o segundo país do mundo mais afetado pela covid-19, com 12 milhões de casos e 295.425 mortes, apenas atrás dos Estados Unidos.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.732.899 mortos no mundo, resultantes de cerca de 123,6 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
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