Ébola: Organizações pedem mais cooperação global
Responsáveis da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de organizações de saúde africanas insistiram hoje na necessidade de uma maior cooperação global para combater o vírus Ébola.
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Mundo Ébola
A intensificação da cooperação global para a prevenção e resiliência contra o Ébola foi um dos pontos centrais numa reunião virtual de alto nível, que durou três horas, promovida hoje pelos Estados Unidos da América com instituições africanas.
O diretor-geral da OMS) Tedros Ghebreyesus, anunciou que durante este ano e o próximo, a organização vai trabalhar com Estados-membros, parceiros e agências de financiamento para desenvolver uma estratégia global de prevenção e controlo do Ébola.
"Quarenta e cinco anos depois do primeiro surto de Ébola, ainda estamos a aprender sobre esta doença. Casos recentes na Guiné-Conacri e República Democrática do Congo estavam ligados a fluidos corporais de sobreviventes, pelo que a OMS encoraja os países afetados pelo Ébola a implementar programas nacionais de cuidados a sobreviventes, para apoiar sobreviventes e avançar a nossa compreensão da latência de longo prazo do vírus", declarou Tedros Ghebreyesus.
Para o responsável, "é preciso mais" do que ter preparação e dar resposta ao Ébola, é necessário poder prevenir o contágio, porque, acrescentou, "como a covid-19 está a provar, ter vacinas e tratamentos não significa automaticamente que podemos controlar surtos se esses instrumentos não forem acessíveis".
"Se há alguma coisa que a pandemia de covid-19 nos demonstrou é que a saúde não é um item de luxo, é a comodidade mais preciosa na vida e um direito humano fundamental", declarou ainda o responsável.
O diretor do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (Africa CDC), John Nkengasong, disse que a pandemia de covid-19 e os novos surtos de Ébola "devem ser estímulo para lançar uma nova ordem de saúde pública", já que quase todos os anos desde 2017, há novos surtos de Ébola.
"Sabemos agora que cerca de 227 milhões de anos de vida saudável são perdidos cada ano no continente devido a doenças infecciosas e custa-nos cerca de 800 mil milhões de dólares em produtividade por ano", o equivalente a 678 mil milhões de euros por ano, declarou o responsável do Africa CDC.
Segundo John Nkengasong, a Zona de Comércio Livre Continental Africana "pode ficar comprometida" sem sistemas de saúde fortes, sendo que a população africana "está a explodir" em números.
Para o diretor do Africa CDC e enviado especial da OMS para a covid-19, existem "quatro coisas a fazer", entre as quais implementar a produção de vacinas em África, já que 99% das vacinas são importadas e, muitas vezes, precisam de condições de armazenamento que não são fáceis de obter nos países africanos.
"Reforçar instituições nacionais e continentais de saúde; melhorar o desenvolvimento da força de trabalho; focar na produção e fabrico de vacinas, tratamentos e diagnósticos a nível local ou regional; intensificar a cooperação e as parcerias, sejam elas bilaterais, multilaterais, filantrópicas ou do setor privado" são as coisas mais importantes a colocar em prática em África, disse John Nkengasong.
O diretor do Departamento de Serviços de Saúde da Organização de Saúde da África Ocidental (OOAS), Kofi Busia, declarou que "a vontade política nunca foi tão crítica para assegurar a união de parceiros regionais ou globais e países para trabalhar soluções duradouras", para proteger o coletivo da população global.
O surto de vírus do Ébola numa província da República Democrática do Congo foi anunciado pelo Governo a 07 de fevereiro e, na Guiné-Conacri, a 14 de fevereiro.
Aquela que foi a pior epidemia de Ébola da história surgiu na Guiné-Conacri em finais de 2013, foi declarada em 2014 e prolongou-se até 2016, matando 11.300 pessoas e infetando mais de 28.500 na Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.756.395 mortos no mundo, resultantes de mais de 125,4 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
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