Deslocação a Londres do Presidente da Nigéria acende polémica no país
Uma controvérsia promovida pela oposição assumiu hoje o palco mediático na Nigéria, um dia depois do Presidente, Muhammadu Buhari, viajar para Londres por razões médicas, quando falências do sistema de saúde levam os médicos a ameaçar com greve.
© Getty Images
Mundo Muhammadu Buhari
As vozes de muitas figuras proeminentes no país subiram de tom e a hashtag #BuhariMustGo (Buhari deve sair) foi partilhada dezenas de milhares de vezes na rede social Twitter para denunciar a viagem por duas semanas do chefe de Estado ao Reino Unido para um "'check-up' médico", de acordo com a sua comitiva.
"Ajudem-nos a trazer Buhari para casa para que possa ter o seu 'check-up' médico num dos 'magníficos e eficientes' hospitais que ele construiu para a Nigéria!", sugeriu Omoyele Sowore, um opositor independente, e voz de protesto antigovernamental proeminente, que apelou aos nigerianos da diáspora para "ocuparem os hospitais" em Londres.
O principal partido da oposição no país, o Peoples Democratic Party (PDP), reagiu também ao anúncio da Presidência nigeriana, considerando que a deslocação por razões médicas é "consequência direta do fracasso do Governo na reforma do sistema de saúde", numa declaração divulgada na terça-feira.
"O nosso partido está preocupado com o facto de a presidência Buhari não estar a tomar quaisquer medidas para reformar o nosso sistema de saúde, mas o dinheiro dos contribuintes está a ser utilizado para pagar as viagens médicas do Presidente ao estrangeiro", escreveu a porta-voz do PDP, Kola Ologbondiyan.
A saúde do ex-general de 78 anos foi tema de debate durante a última campanha eleitoral em 2019, com a oposição a afirmar que Buhari não estava fisicamente apto para governar.
Um ano após a sua primeira eleição, entre maio de 2016 e meados de 2017, Muhammadu Buhari deslocou-se a Londres várias vezes, onde recebeu tratamento de uma doença cuja natureza nunca foi revelada.
O próprio Buhari chegou a admitir que "nunca tinha estado tão doente" e que tinha recebido várias transfusões de sangue. Desde então, o Presidente fez várias viagens a Londres por motivos pessoais ou visitas médicas.
Um sindicato de médicos ameaçou hoje entrar em greve para protestar contra o não pagamento de vários salários em atraso.
A Nigéria, um país com uma população de 200 milhões de habitantes, tinha 42.000 médicos de medicina geral registados em 2019, segundo a Associação Médica Nigeriana (NMA), ou seja, dois médicos para cada cerca de 10.000 pessoas.
Na altura dos primeiros casos do novo coronavírus no país mais populoso de África, Francis Faduyile, médico presidente da NMA, disse que entre "70 a 80% das instituições de saúde pública não tinham água corrente ou suficientemente limpa para lavar as mãos".
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