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China trava menção da ONU a sanções para militares em Myanmar

O Conselho de Segurança da ONU condenou hoje a morte de manifestantes em Myanmar, numa declaração negociada durante dois dias, da qual foram retiradas referências vagas a possíveis sanções, a que a China se opunha, segundo diplomatas.

China trava menção da ONU a sanções para militares em Myanmar
Notícias ao Minuto

06:02 - 02/04/21 por Lusa

Mundo Conselho de Segurança

Na declaração hoje aprovada por unanimidade, após reunião à porta fechada, o Conselho de Segurança "condena veementemente as mortes de centenas de civis, incluindo mulheres e crianças" nos protestos populares em Myanmar (antiga Birmânia), na sequência do golpe de Estado de fevereiro contra o governo de Aung San Suu Kyi.

Segundo a AFP, as versões iniciais da declaração apresentada pelo Reino Unido continham uma referência vaga a sanções internacionais contra os militares que tomaram o poder pela força, mencionando a "disponibilidade" de o Conselho de Segurança "encarar novas etapas" para por cobro aos abusos.

De acordo com diplomatas, a China opôs-se a qualquer referência, ainda que vaga, à possibilidade de sanções, tendo bloqueado por diversas vezes a aprovação do texto em causa, e a versão finalmente aprovada menciona apenas que o órgão de segurança da ONU "manter-se-á ativamente ocupado do dossier".

Citados pela AP, os mesmos diplomatas adiantaram que a representação chinesa - um dos cinco países que tem direito de veto no Conselho de Segurança, os chamados P5 - impôs ainda a substituição da expressão "o assassínio de centenas de civis" por "a morte de centenas de civis" em Myanmar.

Estados Unidos e Reino Unido têm defendido a aplicação de sanções pela ONU, enquanto a China, aliado tradicional do exército birmanês, rejeita a ideia e apela ao "regresso a uma transição democrática".

Durante a negociação da declaração do Conselho de Segurança da ONU, também a Rússia manifestou várias objeções ao texto e sugeriu uma menção a condenar a morte de elementos das forças de segurança, que não foi aprovada.

No terceiro texto aprovado desde o golpe de 1 de fevereiro, os membros do Conselho de Segurança manifestam ainda "profunda preocupação com a rápida deterioração da situação" em Myanmar e denunciam "veementemente o recurso à violência contra manifestantes pacíficos".

Durante uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU, à porta fechada, na quarta-feira, a emissária da organização para Myanmar, Christine Schraner Burgener, alertou para "um risco de guerra civil a um nível sem precedentes", exortando "a considerar todos os meios ao dispor para (...) evitar uma catástrofe multidimensional no coração da Ásia".

A violência contra os civis desencadeou a cólera entre as duas dezenas de fações étnicas rebeldes em Myanmar e algumas lançaram ataques contra a polícia e o exército, tendo este ripostado com ataques aéreos.

Pelo menos 20 soldados morreram e quatro camiões militares foram destruídos na quarta-feira em confrontos com o Exército da Independência de Kachin (KIA), segundo a emissora televisiva DVB News. Por outro lado, o portal da Internet Karen News indicou que 11 pessoas morreram na terça-feira em ataques aéreos no estado Karen.

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