"O fim das sanções dos Estados Unidos é o primeiro passo para reanimar o JCPOA", o Plano de Ação Conjunto Global concluído em Viena em 2015, sublinhou o vice-ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros, Abas Araqchi, e negociador nuclear, que conduziu a delegação iraniana à reunião.
A reunião virtual da comissão conjunta do pacto nuclear foi presidida pelo secretário-geral adjunto do Serviço Europeu para a Ação Externa, Enrique Mora, e contou com a presença de representantes da China, França, Alemanha, Rússia, Reino Unido e Irão.
Araqchi reiterou que o seu país aceitará as "medidas nucleares compensatórias", referindo-se ao seu não cumprimento dos compromissos JCPOA (sigla da designação do plano em inglês), "logo que verifique" que as sanções são levantadas, de acordo com a declaração do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
"Não há necessidade de negociar a reintegração dos Estados Unidos no JCPOA, uma vez que o caminho é completamente claro. Tal como se retirou do acordo e impôs sanções ilegais contra o Irão, pode agora voltar a aderir da mesma forma e deixar de infringir a lei", acrescentou.
A chegada do democrata Joe Biden à Casa Branca deu esperança à possibilidade de preservar o acordo nuclear iraniano, após a retirada dos Estados Unidos em 2018, durante a administração Trump e a consequente decisão de Teerão de deixar gradualmente de cumprir as obrigações assumidas.
De facto, na reunião de hoje, a União Europeia, China, França, Alemanha, Rússia, Reino Unido e Irão colocaram em destaque a perspetiva do regresso de Washington ao pacto e sinalizaram a sua "disponibilidade para abordar este assunto de uma forma positiva num esforço conjunto".
Os membros do Pacto reunir-se-ão de novo, pessoalmente, na próxima terça-feira, em Viena, "para identificar claramente o levantamento das sanções e as medidas de implementação nuclear", segundo uma nota da União Europeia.
"Os participantes concordaram em retomar a sessão da comissão mista em Viena na próxima semana, de maneira a identificar claramente o levantamento de sanções e as medidas de implementação nucleares, incluindo através da organização de reuniões com os grupos de especialistas relevantes", lê-se numa nota publicada pelo Serviço Europeu de Ação Externa (SEAE) após a reunião, por videoconferência, entre representantes da UE, China, França, Alemanha, Rússia, Reino Unido e Irão.
O Irão recusou-se a manter conversações diretas com os EUA ou a participar em qualquer uma destas reuniões, pelo que as negociações estão a ser conduzidas principalmente através de parceiros europeus.
A este respeito, o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Mohamad Yavad Zarif, afirmou na sua conta oficial no Twitter que um encontro entre o seu país e os Estados Unidos é "desnecessário".
De acordo com Zarif, o objetivo da próxima reunião é "a eliminação coreografada de todas as sanções, seguida da cessação das medidas corretivas por parte do Irão".
O JCPOA foi assinado entre o Irão e seis grandes potências - Estados Unidos, Rússia, República Popular da China, França, Reino Unidos e Alemanha - mas Washington retirou-se de forma unilateral, durante a Presidência de Donald Trump.
Biden já expressou vontade em regressar ao acordo, mas com condições.
O Irão começou a produzir urânio (20%) no passado mês de janeiro, transgredindo o pacto, que estipula o máximo de pureza até 3,67% e está também a usar centrifugadoras avançadas quando o JCPOA apenas permite os equipamentos de primeira geração.
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