Vacinação contra Ébola em aldeia na Guiné-Conacri recomeça após protesto
A campanha de vacinação contra a febre hemorrágica Ébola foi retomada em Kpaghalaye, aldeia no sul da Guiné-Conacri, na qual, durante vários dias, as mulheres bloquearam o acesso ao pessoal de saúde, disseram hoje as autoridades sanitárias.
© Reuters
Mundo Guiné-Conacri
"A vacinação começou imediatamente, no sábado de manhã, depois de as mulheres terem levantado o cerco na sexta-feira à noite", disse Sory II Keira, chefe das comunicações na Agência Nacional de Segurança Sanitária (ANSS), à agência de notícias France-Presse.
O vírus do Ébola reapareceu na Guiné-Conacri em janeiro, quase quatro anos e meio após o fim da epidemia da África Ocidental (2013-2016), que, oficialmente, matou mais de 11.300 pessoas, embora o número seja subestimado por responsáveis de saúde.
Em Kpaghalaye, uma aldeia na região de Nzérékoré, o foco deste novo surto, as mortes "agrupadas" alertaram as autoridades, em finais de março. Mas, entretanto, foi detetado um caso positivo de Ébola numa pessoa próxima dos habitantes da aldeia, cuja causa de morte é ainda desconhecida.
Assim, os trabalhadores da saúde enviados para a área, a partir de 01 de abril, para parar possíveis contágios, isolar e tratar os doentes e levar a cabo as vacinas encontraram resistência por parte dos habitantes de Kpaghalaye.
Durante cerca de 10 dias, as mulheres idosas, tradicionalmente encarregadas dos ritos fúnebres, impediram-nas de se aproximarem, sentando-se nas entradas da aldeia e erguendo barricadas.
"Centenas de pessoas, tanto homens como mulheres, demonstraram a sua desaprovação e pediram aos profissionais da saúde que abandonassem imediatamente a sua zona para poderem enterrar os seus mortos com dignidade", disse uma fonte do Ministério da Saúde à AFP.
Finalmente, pessoas de Kpaghalaye, que viviam em Nzérékoré e outras cidades guineenses, "sensibilizaram as mulheres da aldeia, que foram de alguma forma manipuladas por mãos negras invisíveis", explicou o oficial de comunicações da ANSS.
"Várias pessoas que tinham fugido com medo de uma invasão pelas forças de defesa regressaram às suas casas", acrescentou.
Um total de 23 casos foram comunicados desde janeiro na Guiné-Conacri, principalmente na região de Nzerekore, perto da Libéria, Serra Leoa e Costa do Marfim. Dezasseis casos foram confirmados, incluindo cinco pessoas que morreram, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
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