Raparigas raptadas em 2014 na Nigéria continuam desaparecidas
Mais de 100 das quase 276 raparigas raptadas de uma escola na cidade de nigeriana de Chibok pelo grupo 'jihadista' Boko Haram continuam desaparecidas sete anos depois.
© Reuters
Mundo Boko Haram
Os acontecimentos em Chibok, que chocaram o mundo, ocorreram em 14 de abril de 2014, quando homens armados entraram na comunidade remota do estado de Borno e invadiram a escola secundária para levar 276 alunas.
O governador de Borno, Babagana Zulum, manifestou hoje esperança de que as raparigas possam um dia regressar às suas famílias.
"Como pai de todos os filhos e filhas de Borno, não perdi a esperança de recuperar de alguma forma as nossas restantes alunas de Chibok e outras pessoas raptadas", disse o governador.
Zulum garantiu que o Presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, "está tão preocupado como os pais de Chibok" com o paradeiro das alunas da escola.
No entanto, o movimento 'Bring Back Our Girls' (BBOG), que luta pelo regresso das alunas raptadas, criticou as autoridades por não terem conseguido assegurar a libertação das raparigas.
"O destino das nossas 112 raparigas de Chibok desaparecidas e o trauma contínuo dos pais de Chibok e das suas comunidades estão a escapar à consciência pública e já não são uma prioridade para o Governo Federal", lamentou o grupo numa declaração.
Bulama Jonah, cuja filha de 18 anos, Amina, está entre as desaparecidas, afirmou: "Se o governo tivesse respondido a tempo, as nossas filhas teriam sido salvas".
"Exortamos o Presidente a intensificar a busca por estas raparigas inocentes", acrescentou Jonah, citado pelos meios de comunicação locais.
Também hoje a organização Amnistia Internacional (AI) acusou o Governo nigeriano de não proporcionar proteção suficiente às crianças no norte do país, apesar de vários raptos em massa nas escolas nos últimos meses.
"As autoridades nigerianas não conseguiram proteger os estudantes face aos recentes ataques às escolas, demonstrando claramente que nada aprenderam com a tragédia em Chibok. A única resposta das autoridades para proteger a população escolar, ameaçada por insurgentes e pistoleiros, é fechar escolas, colocando o direito à educação cada vez mais em risco", referiu o diretor da AI Nigéria, Osai Ojigho, num comunicado.
"Entre dezembro de 2020 e março de 2021 houve relatos de pelo menos cinco casos de raptos no norte da Nigéria. A ameaça de novos ataques levou ao encerramento de cerca de 600 escolas na região. As medidas que as autoridades estão a tomar para controlar a situação não estão a funcionar", acrescentou.
O grupo 'jihadista' Boko Haram luta desde 2009 para impor um Estado islâmico na Nigéria, um país de maioria muçulmana no Norte e predominantemente cristão no sul.
Desde então, já morreram mais de 27.000 pessoas e o número de desalojados atingiu quase dois milhões, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).
O rapto das raparigas de Chibok provocou um forte repúdio internacional e personalidades como a agora ex-primeira dama dos Estados Unidos da América Michelle Obama apoiaram campanhas para exigir a sua libertação.
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