"O Tribunal Penal Internacional comprometeu-se a tomar medidas para obter o meu passaporte, após uma reunião realizada em 06 de abril com o registo", disse Charles Blé Goudé, acrescentando: "Todos os documentos necessários para o estabelecimento do meu passaporte foram apresentados ao TPI".
O Presidente Alassane Ouattara deu "luz verde", em 07 de abril, para o regresso à Costa do Marfim do seu rival, o ex-presidente Laurent Gbagbo e Charles Blé Goudé, uma semana após a sua absolvição.
Ao contrário de Laurent Gbagbo, que terá direito ao tratamento reservado aos ex-presidentes e cuja viagem de regresso será paga pelo Estado, Ouattara não mencionou nenhuma disposição especial para Charles Blé Goudé, que no entanto expressou a sua "gratidão" pelo gesto.
Preso em 2013 no Gana, Blé Goudé tinha sido transferido para o TPI, em Haia, em 2014, para ser julgado por crimes contra a humanidade, ao lado de Laurent Gbagbo. Ambos foram absolvidos em 31 de março.
Charles Blé Goudé foi um dos membros mais controversos do clã Gbagbo: foi apelidado de "general da rua" pela sua capacidade de mobilizar apoiantes do antigo presidente da Costa do Marfim, à frente do movimento que liderou na altura, os "Jovens Patriotas".
Os seus detratores e organizações não-governamentais internacionais consideram-no um dos que mais contribuíram para a violência durante a crise pós-eleitoral de 2010-2011, que surgiu da recusa de Laurent Gbagbo em reconhecer a sua derrota por Alassane Ouattara e fez mais de 3.000 mortos.
Tal como Laurent Gbagbo, foi condenado à revelia na Costa do Marfim a 20 anos de prisão por atos relacionados com essa crise.
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