"Há mais vantagens do que desvantagens em ser vacinado", disse o ministro da Saúde, Eteni Longondo, que foi um dos primeiros a receber a primeira dose do imunizante, na Faculdade de Medicina da Universidade de Kinshasa.
Ao ministro seguiu-se o embaixador da União Europeia na RDCongo, Jean-Marc Châtaigner, e o coordenador de assuntos humanitários das Nações Unidas no país, David McLachlan-Karr, segundo relatam os jornalistas da agência de notícias francesa, AFP.
"Este é um gesto voluntário importante. Um gesto de solidariedade para com os outros", disse Châtaigner à AFP, referindo que se trata de uma "vacina eficaz".
A desconfiança em relação à vacina da AstraZeneca é generalizada na RDCongo. Muitas teorias da conspiração são regularmente partilhadas nas redes sociais.
A desconfiança pode ter sido exacerbada pela "comunicação infeliz em torno da AstraZeneca na Europa", disse um responsável de saúde pública congolês.
No caso da AstraZeneca, bem como da Johnson & Johnson, surgiram suspeitas em vários países ocidentais, após casos de trombose (formação de coágulos sanguíneos) em algumas pessoas vacinadas.
A RDCongo adiou, "por precaução", o lançamento da campanha de vacinação, inicialmente agendada para 15 de março. Este adiamento foi decidido depois de outros países suspenderem a utilização da vacina AstraZeneca.
Após estudo, a equipa de peritos congoleses "assegurou que a vacina AstraZeneca, já disponível na RDCongo não apresenta qualquer inconveniente para a população", segundo o ministro do Interior, Gilbert Kankonde.
"A vacinação será voluntária e será dada prioridade aos trabalhadores da saúde, às pessoas vulneráveis, que sofrem de doenças crónicas e a todas as pessoas expostas a um grande fluxo de pessoas no decurso do seu trabalho", adiantou.
A RDCongo - com uma população de mais de 80 milhões - recebeu 1,7 milhões de doses da vacina AstraZeneca no âmbito do consórcio Covax, que visa fornecer vacinas este ano a 20% da população em quase 200 países.
O país registou oficialmente 28.956 casos de covid-19, incluindo 745 mortes desde o início da epidemia, de acordo com o último relatório publicado no domingo.
África registou mais 235 mortes associadas à covid-19 nas últimas 24 horas, para um total de 117.890 desde o início da pandemia, e 9.029 novos casos de infeção, segundo os dados oficiais mais recentes no continente.
De acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), o número total de infetados nos 55 Estados-membros da organização é de 4.428.486 e o de recuperados da doença nas últimas 24 horas é de 7.218, para um total de 3.966.193 desde o início da pandemia.
A África Austral continua a ser região mais afetada, registando 1.942.829 infetados e 61.282 mortos associados ao contágio com a doença. Nesta região, a África do Sul, o país mais atingido pela covid-19 no continente, regista 1.566.769 casos e 53.736 mortes.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.011.975 mortos no mundo, resultantes de mais de 140,6 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Leia Também: UE pode não renovar contrato com AstraZeneca devido a atrasos