Pelo menos 18.292 crianças migrantes, que não estavam acompanhadas por adultos, desapareceram após chegarem à Europa entre janeiro de 2018 e dezembro de 2020, segundo uma investigação realizada pelo The Guardian e pelo coletivo de jornalistas Lost Europe. Em média, desapareceram quase 17 crianças por dia após chegarem a países como a Itália, a Grécia ou a Alemanha.
Só no ano passado, 5.768 crianças migrantes foram dadas como desaparecidas em 13 países europeus.
A maioria das crianças que desapareceu nos últimos três anos é proveniente de Marrocos, mas entre os principais países de origem também se contam a Argélia, a Eritreia e o Afeganistão. Os dados reunidos indicam ainda que 90% das crianças que desapareceram são rapazes, e um em cada seis tinham menos de 15 anos de idade.
A investigação compilou dados de migrantes menores sozinhos que desapareceram nos 27 Estados-membros da União Europeia, assim como da Moldávia, da Noruega, da Suíça e do Reino Unido. No entanto, a informação recolhida estava incompleta muitas vezes, o que significa que o número de crianças desaparecidas pode ser muito superior.
Por exemplo, países como França, Dinamarca e o Reino Unido não forneceram quaisquer dados sobre as crianças migrantes desaparecidas.
As conclusões desta investigação do The Guardian e do Lost Europe levantam questões sobre sobre o esforço e a vontade dos países europeus para proteger as crianças migrantes que viajam sozinhas. Expõem também a falta de cooperação nas fronteiras.
Federica Toscano, uma responsável da ONG Missing Children Europe, sublinha que os dados divulgados são “extremamente importantes” para compreender a escala do problema na Europa. “O número elevado de crianças desaparecidas é um sintoma de um sistema de proteção de crianças que não funciona”, salientou.
Toscano acrescentou que as crianças chegam sozinhas à Europa estão entre os migrantes mais vulneráveis à violência, ao tráfico humano e à exploração. “As crianças migrantes são cada vez mais o alvo das organizações criminosas”, referiu.
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