Pelo menos 13 mortos e 22 feridos nos confrontos de domingo na Somália
Pelo menos 13 pessoas foram mortas e 22 ficaram feridas, a maioria militares, na sequência dos violentos confrontos, este domingo em Mogadíscio, entre duas fações do exército somali, uma a favor e outra contra a extensão do mandato do Presidente.
© Getty Images
Mundo Somália
"Registámos 13 mortos e 22 feridos, como resultado dos confrontos na cidade durante as últimas 24 horas", disse hoje à agência de notícias espanhola, Efe, Mohamed Abshir, um profissional de saúde do Hospital Madina, um dos principais centros médicos da capital da Somália.
Hoje, a capital da Somália, Mogadíscio, está calma, após os tiroteios de domingo, resultado dos confrontos entre uma parte do exército leal ao Presidente, Mohamed Abdullahi Farmaajo, e outra que apoia os líderes da oposição.
Os confrontos começaram depois de os militares que estão contra o governo terem deixado as suas bases, na região do Baixo Shabelle, e entrado na capital, assumindo o controlo de duas áreas, Fagah e Sana, no norte da cidade.
Por seu lado, vários políticos da oposição denunciaram assaltos às suas casas por forças armadas leais ao Governo, e o Conselho de Candidatos à Presidência da Somália informou sobre os ataques num comunicado.
Hassan Sheikh Mohamud, antigo presidente do país e antecessor de Farmaajo, disse, na rede social Twitter, que os soldados atacaram a sua casa no distrito de Karan, no norte da capital, e salientou que o chefe de Estado "será responsável pelas consequências".
"As forças de Farmaajo invadiram a minha residência. Tínhamos avisado no passado que o exército poderia ser utilizado para fins políticos", afirmou Abdishakur Abdirahman, líder do Partido Wadajir, da oposição, e candidato presidencial, também no Twitter.
De acordo com os meios de comunicação locais, o ministro da Segurança da Somália, Hassan Hundebey, rejeitou estas acusações e assegurou que o exército tem vindo a dar proteção aos antigos presidentes do país.
O embaixador da União Europeia na Somália, o espanhol Nicolas Berlanga, disse, no domingo, que estava "muito preocupado" com os confrontos e salientou que "o interesse geral exige a máxima contenção e preservação das instituições, que pertencem a todos".
A Missão de Assistência da ONU na Somália (Unsom) disse hoje que estava "profundamente preocupada" com os confrontos em Mogadíscio.
"Apelamos a todas as partes para que mantenham a calma e a máxima contenção. A violência não é a solução para o atual impasse político. Apelamos urgentemente a todas as partes para que retomem o diálogo imediato", disse a Unsom na sua conta no Twitter.
A 12 de abril, a Câmara do Povo (câmara baixa do parlamento) votou a favor da prorrogação, por dois anos, do mandato de Farmaajo, que tinha expirado a 08 de fevereiro, e no dia seguinte o próprio Presidente assinou a lei, apesar da forte rejeição da oposição e da comunidade internacional.
A decisão do Presidente contradiz o acordo de setembro de 2020, assinado por Farmaajo e líderes regionais, que estabeleceu um roteiro para as eleições, que assim deveriam realizar-se em fevereiro. Mas estas foram suspensas devido a desacordos políticos.
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