OMS. Atraso na entrega de vacinas da Índia arrisca nova vaga em África

A diretora regional para África da Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou hoje que os atrasos na entrega de vacinas por parte da Índia pode levar ao surgimento de mais estirpes, conduzindo a uma nova vaga de infeções.

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Lusa
06/05/2021 17:58 ‧ 06/05/2021 por Lusa

Mundo

Covid-19

"O atraso na entrega da vacina do Instituto Serum da Índia contra a covid-19 aos países africanos, bem como a lenta implementação do processo de vacinação e o aparecimento de novas variantes, significam que o risco de uma nova onda de infeções em África permanece elevado", disse Matshidiso Moeti, citada hoje num comunicado da OMS.

Para a OMS, os atrasos na disponibilização das vacinas, já de si escassas para as necessidades, estão a obrigar os países africanos a ficarem ainda mais atrasados no processo de vacinação, tendo administrado apenas 1% do total mundial, um valor que compara com os 2% de há algumas semanas.

No comunicado, a OMS África diz que o continente recebeu 37 milhões de doses da vacina, tendo administrado menos de metade (19 milhões), e acrescenta que as primeiras entregas a 41 países através da iniciativa Covax foram preparadas desde o início de março, mas nove países administraram menos de 25% das doses que receberam e 15 países deram menos de metade das vacinas que tinha, ao passo que apenas oito administraram todas as vacinas que receberam deste mecanismo.

"Se exigimos equidade nas vacinas, África deve também arregaçar as mangas e aproveitar ao máximo o que temos, porque precisamos de utilizar cada dose para vacinar as pessoas", avisou Matshidiso Moeti, acrescentando: "Esta é uma corrida contra o tempo e contra o vírus. Dado o fornecimento limitado de vacinas, recomendamos que os países deem prioridade à primeira dose ao maior número possível de pessoas em alto risco, e o mais rapidamente possível".

Para a OMS, é preferível dar apenas a primeira dose a mais pessoas do que dar as duas doses a um número menor de pessoas, mas o ideal seria que as patentes sobre as vacinas fossem temporariamente suspensas, para permitir uma generalização do fabrico.

"Esta suspensão da patente poderia mudar o jogo para África, libertando milhões de doses adicionais e salvando inúmeras vidas. Aplaudimos a liderança que estes países têm demonstrado e exortamos outros a apoiá-los na Organização Mundial do Comércio (OMC), incluindo para produtos terapêuticos que salvam vidas", acrescentou a responsável, referindo-se aos esforços que a África do Sul, os Estados Unidos e a Índia estão a liderar para conseguir que a OMC suspenda temporariamente o exclusivo da produção das vacinas.

A OMS está a ajudar os países africanos nos seus esforços para introduzir vacinas através da preparação, coordenação, formação de profissionais de saúde, fornecimento de orientação estratégica e técnica, e apoio à comunicação para estimular a adoção de vacinas, conclui-se no comunicado hoje divulgado.

A pandemia do novo coronavírus matou, até hoje, pelo menos 3.244.598 pessoas no mundo, desde o final de dezembro de 2019, segundo um levantamento realizado pela agência de notícias AFP a partir de fontes oficiais.

Mais de 155.126.230 casos de infeção foram oficialmente diagnosticados desde o início da pandemia.

Os números são baseados em relatórios diários das autoridades de saúde de cada país até às 10:00 TMG (11:00 em Lisboa) e excluem as revisões posteriores de agências estatísticas, como ocorre na Rússia, Espanha e Reino Unido.

De acordo com os dados mais recentes do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), o continente soma hoje 4.599.868 infetados, incluindo 123.360 mortes e 4.147.769 recuperações desde o início da pandemia.

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