O ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlut Çavusoglu, vai encontrar-se com o seu homólogo saudita, príncipe Faisal bin Farhan Al Saud, para discutir as relações bilaterais e assuntos regionais numa visita de dois dias, indicou em comunicado o ministério dos Negócios Estrangeiros turco.
Esta deslocação é a primeira de alto nível de um membro do Executivo de Ancara desde o assassínio de Khashoggi por agentes sauditas no interior do consulado do reino em Istambul, e que implicou um grave atrito entre as duas potências regionais.
Esta morte agravou as tensões já existentes relacionadas com o apoio turco à irmandade Muçulmana, que Riade considera um grupo terrorista.
Os dois países também divergiram após o apoio da Turquia ao Qatar, numa disputa entre Estados do Golfo, e ainda sobre o conflito na Líbia.
A visita de Çavusoglu também se insere nos esforços da Turquia para a normalização das relações com os países árabes, quando se encontra isolada internacionalmente e numa situação económica muito fragilizada.
Na semana passada, uma delegação turca de alto nível deslocou-se ao Cairo numa tentativa de melhorar as relações com o Egito, também muito tensas desde o golpe militar de 2013 que depôs o Presidente Mohamed Morsi, um islamita apoiado pela Irmandade Muçulmana.
Khashoggi foi morto em 2 de outubro de 2018 após entrar no consulado para solicitar documentos que lhe permitiriam casar com a sua noiva turca, que ficou a aguardar no exterior.
Os responsáveis oficiais turcos alegam que Khashoggi, autor de comentários no diário Washington Post muito críticos face ao príncipe herdeiro saudita, foi morto por uma equipa de agentes sauditas que depois o desmembraram com uma serra.
Na sequência de forte pressão internacional, o Governo saudita admitiu a morte. Alguns suspeitos foram mais tarde julgados em Riade, à porta fechada, e a família de Khashoggi anunciou depois que perdoava aos assassinos do dissidente.
A Turquia apelou por diversas vezes à extradição dos agentes sauditas, e em 2020 iniciou um julgamento à revelia de dois antigos colaboradores do príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, e de outro cidadão saudita.
No período mais tenso das relações, a Arábia Saudita também impôs um boicote informal a bens turcos e encerrou oito escolas turcas no reino, informaram na ocasião os 'media' turcos.
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