"Enquanto falamos, a situação em Tigray é, se eu tivesse de usar uma palavra, horrível. Absolutamente horrível", afirmou o diretor-geral da OMS durante a conferência de imprensa quinzenal da organização, em Genebra, citado pela agência France-Presse.
O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, Prémio Nobel da Paz em 2019, lançou uma intervenção militar em 04 de novembro para derrubar a Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF), o partido eleito e no poder no estado, e declarou a vitória em 28 de novembro, ainda que os combates continuem.
O Exército federal etíope foi apoiado por forças da Eritreia. Depois de vários dias, Abiy Ahmed declarou vitória em 28 de novembro, com a captura da capital regional, Mekele, frente à TPLF que, até à chegada de Abiy Ahmed, controlou a Etiópia durante quase 30 anos.
No entanto os combates continuaram e as forças eritreias são acusadas de conduzirem vários massacres e crimes sexuais.
"Entre 4,5 e quase cinco milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária. Muitas pessoas começaram a morrer de fome e subnutrição grave e aguda está cada vez mais disseminada", afirmou Tedros, acrescentando que "centenas de milhares de pessoas foram deslocadas ou despejadas de suas casas" e "mais de 60.000 fugiram para o Sudão".
O responsável máximo da agência das Nações Unidas para a Saúde assinalou também que este setor está muito pobre na região, com os serviços sanitários a terem sido "destruídos" ou "pilhados", o que significa que a maioria não está funcional.
Da mesma forma, o Tedros Adhanom Ghebreyesus assinalou que a situação da covid-19 na região é "a menor das suas preocupações".
No domingo, a União Europeia denunciou uma obstrução da ajuda humanitária na região por parte da Etiópia, tendo apelado para a aplicação de sanções contra esta "grave violação do direito humanitário internacional".
Durante o dia de hoje, o diretor do programa de emergências sanitárias da OMS, Michael Ryan, afirmou que a dificuldade de acesso é "o problema-chave em Tigray".
"O acesso às vítimas em Tigray continua a ser muito imprevisível, e isso é devido às hostilidades", assinalou.
"Este é um enorme obstáculo ao acesso às populações que necessitam da nossa ajuda. Relatos contínuos de atrocidades e ataques perturbam qualquer tentativa", lamentou o responsável.
Devido à destruição ou inacessibilidade a maior parte das instalações sanitárias, a OMS teme também surtos de cólera, sarampo ou de outras doenças.
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