"Os aliados estão a realizar consultas sobre a aterragem forçada de um avião da Ryanair por parte da Bielorrússia e os embaixadores irão discutir a situação amanhã [terça-feira]", referiu a mesma fonte, identificada como um responsável da NATO, em declarações à agência noticiosa France Presse (AFP).
As autoridades bielorrussas detiveram o jornalista Roman Protasevich no domingo, depois de o Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, ter ordenado que um voo da companhia aérea Ryanair, que fazia a ligação entre Atenas (capital da Grécia) e Vilnius (capital da Lituânia), fosse desviado para o aeroporto de Minsk (capital da Bielorrússia).
Perante tal situação, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, denunciou no domingo "um incidente sério e perigoso" e pediu "uma investigação internacional".
Tanto a Grécia como a Lituânia são Estados-membros da NATO e da União Europeia (UE).
A UE defendeu hoje igualmente a realização de uma investigação internacional sobre o desvio e a aterragem forçada do avião civil, com os chefes de Estado e de Governo dos 27 do bloco comunitário, reunidos em cimeira hoje e terça-feira, a avançarem para a discussão de "possíveis sanções" contra a Bielorrússia.
"A UE considerará as consequências desta ação, incluindo a adoção de medidas contra os responsáveis", disse hoje o Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell, numa declaração em que pediu também a "libertação imediata" do jornalista e opositor Roman Protasevich.
Os Estados Unidos da América (EUA), país que também integra a NATO, também pediram a "libertação imediata" do jornalista e opositor de 26 anos, que foi detido pelas forças de segurança bielorrussas no aeroporto de Minsk após a aterragem forçada.
Este incidente está a colocar novamente a Bielorrússia no centro da indignação e das críticas da comunidade internacional.
A Bielorrússia atravessa uma crise política desde as eleições de 09 de agosto de 2020, que segundo os resultados oficiais reconduziram o Presidente Alexander Lukashenko, no poder há mais de duas décadas, para um sexto mandato, com 80% dos votos.
A oposição denunciou a eleição como fraudulenta e reivindicou a vitória nas presidenciais.
Desde então, o país testemunhou grandes protestos populares para exigir o afastamento de Lukashenko, manifestações essas que têm sido reprimidas com violência pelas forças de segurança da Bielorrússia.
Após o escrutínio e a violenta repressão dos protestos, a UE (que não reconheceu os resultados das eleições de agosto) e os EUA avançaram com sanções contra o regime de Minsk.
No passado dia 10 de maio, Josep Borrell indicou que a UE estava a preparar-se para reforçar as sanções contra o regime bielorrusso.
Apesar das sanções europeias e norte-americanas que visam Alexander Lukashenko e altos responsáveis da sua equipa governativa, o regime de Minsk, que conta com o apoio da Rússia, não tem dado qualquer sinal de abertura e tem mantido o clima de repressão.
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