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Svetlana Tikhanovskaya diz que opositor detido "está a ser torturado"

A líder da oposição bielorrussa no exílio, Svetlana Tikhanovskaya, denunciou hoje que o jornalista Román Protasevich, que foi detido no aeroporto de Minsk no domingo, "está a ser submetido a tortura".

Svetlana Tikhanovskaya diz que opositor detido "está a ser torturado"
Notícias ao Minuto

12:45 - 25/05/21 por Lusa

Mundo Bielorrússia

Svetlana Tikhanovskaya revelou esta situação ao conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, numa conversa telefónica que ambos tiveram, segundo um comunicado publicado hoje na conta da opositora na rede social Telegram.

"Não há dúvida de que Román [Protasevich] está a ser torturado na prisão", disse a líder opositora, que informou Sullivan sobre todos os detalhes conhecidos da prisão do jornalista de 26 anos e da sua companheira, Sofia Sapéga, uma cidadã russa.

A opositora bielorrussa pediu aos Estados Unidos que iniciassem uma investigação sobre o "sequestro do avião" comercial e a prisão de Protasevich, além de punir os culpados.

"Penso que toda a gente viu o vídeo que Román gravou na prisão. Ele diz que o tratam de maneira normal, mas é claro que foi espancado e está deprimido", disse hoje Tikhanovskaya, numa entrevista citada pelo seu canal no Telegram.

A opositora também acrescentou que o regime do Presidente da Bielorrússia, Alexandr Lukashenko, capturou o jornalista "como refém, bem como os 421 presos políticos" e que há "milhares de pessoas que ainda não foram declaradas prisioneiras de consciência, mas que estão na prisão".

"Fizeram-no refém, assim como nove milhões de bielorrussos", enfatizou a opositora, que acusou o regime de Lukashenko de "terrorismo de Estado".

Nesta segunda-feira, um canal pró-governo no Telegram publicou um vídeo, posteriormente reproduzido pela televisão pública, onde Protasevich nega ter "problemas de saúde" e garante que o tratamento que recebeu das forças de segurança "é correto".

Por sua vez, acrescenta que está "a colaborar com a investigação" e admite a sua "culpa" por ter organizado "motins em Minsk".

"Não são palavras dele. Ele está assustado e muito nervoso. Acho que o espancaram. Tem maquilhagem no lado esquerdo (do rosto) e o nariz está provavelmente partido", disse Dmitri Protasevich, o pai do jornalista, ao canal Nexta.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, liderado por Michelle Bachelet, declarou hoje que teme pela segurança de Román Protasevich.

"As informações obtidas sob coação não podem ser usadas contra Protasevich num processo legal. Essas confissões são proibidas pela Convenção contra a Tortura", disse o porta-voz do Alto Comissariado, Rupert Colville.

De acordo com Colville, é provável que a declaração de Protasevich registada no vídeo tenha sido realizada sob coação.

O jornalista era o diretor dos canais Nexta e Nexta Live do Telegram, que foram fundamentais na organização de protestos da oposição contra Lukashenko após as eleições presidenciais consideradas fraudulentas de agosto de 2020 e na denúncia da repressão policial às manifestações pacíficas.

Em 19 de novembro de 2020, Protasevich foi incluído, juntamente com o fundador dos canais Nexta, Stepán Putilo, numa lista de pessoas envolvidas em "atividades terroristas" pelo Comité de Segurança do Estado da Bielorrússia (KGB), embora não tenham sido oficialmente apresentadas acusações de terrorismo.

No domingo, um avião da companhia aérea irlandesa Ryanair, que fazia a rota Atenas-Vilnius, foi desviado para Minsk devido a uma alegada suspeita de bomba. A bordo da aeronave estavam Román Protasevich e a sua companheira, que foram imediatamente presos pelas autoridades bielorrussas.

Perante um vasto movimento de protesto contra a sua reeleição, em agosto de 2020, o Presidente Lukashenko orquestrou uma campanha de repressão contra a oposição e os meios de comunicação independentes do país.

Desde o início dos protestos na antiga república soviética, centenas de jornalistas foram detidos e cerca de 20 estão ainda presos.

Leia Também: "Vê-se sinais de agressão na cara dele", diz pai de Roman Protasevich

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