Presidente da Assembleia-geral da ONU visita campo de refugiados rohingya
O presidente da Assembleia-geral da ONU, o diplomata turco Volkan Bozkir, visitou hoje o campo de refugiados de Cox's Bazar, no sudeste do Bangladesh, que acolhe atualmente várias centenas de milhares de refugiados da minoria muçulmana 'rohingya'.
© Reuters
Mundo Rohingya
No local, já reconhecido como o maior campo de refugiados do mundo, Volkan Bozkir encontrou-se durante meia hora com cerca de 30 refugiados, tendo ouvido apelos para uma maior intervenção internacional para encontrar soluções para esta minoria alvo de perseguição em Myanmar (antiga Birmânia), segundo relatou, em declarações à agência espanhola Efe, o comissário adjunto do Bangladesh para os Refugiados, Mohammad Shamsuddoha.
"Os 'rohingyas' pediram à Assembleia-geral da ONU, através dele, que exerça pressão [sobre Myanmar] em relação à sua cidadania e que tome medidas para assegurar o seu repatriamento voluntário, digno e seguro para Myanmar", disse Mohammad Shamsuddoha.
Milhares de 'rohingyas' procuraram refúgio no Bangladesh, em particular na zona de Cox's Bazar, desde meados de agosto de 2017, quando foi lançada, no estado de Rakhine (em Myanmar), uma operação militar do exército birmanês contra o movimento rebelde Exército de Salvação do Estado Rohingya devido a ataques da rebelião a postos militares e policiais.
Os números apontam para cerca de 900 mil 'rohingyas' a viver na zona de Cox's Bazar.
A campanha de repressão do exército de Myanmar contra esta minoria foi condenada pela comunidade internacional e foi descrita pela ONU como limpeza étnica e um possível genocídio, incluindo o assassínio de milhares de pessoas, a violação de mulheres e de crianças e a destruição de várias aldeias, entre outras violações dos direitos humanos.
Myanmar, de maioria budista, não reconhece esta minoria e impõe múltiplas restrições aos 'rohingyas', nomeadamente a liberdade de movimentos.
Desde que a nacionalidade birmanesa lhes foi retirada em 1982, os 'rohingyas' têm sido submetidos a muitas restrições: não podem viajar ou casar sem autorização, não têm acesso ao mercado de trabalho, nem aos serviços públicos (escolas e hospitais).
O diplomata turco Volkan Bozkir chegou ao Bangladesh na terça-feira para uma visita de dois dias.
Na capital do país, Daca, o atual presidente da Assembleia-geral da ONU expressou na terça-feira a sua preocupação com as implicações humanitárias das recentes ações do exército birmanês (envolvido num golpe militar ocorrido no início de fevereiro passado) e apelou ao fim imediato da violência.
O representante também lembrou a deliberação do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) que ordenou, em 2020, Myanmar a tomar "todas as medidas" ao seu alcance para prevenir um eventual genocídio da minoria muçulmana dos 'rohingyas'.
"Esta ordem mantém a sua urgência e não deve ser esquecida à medida que enfrentamos novos desafios relacionados com o golpe (de Estado em Myanmar) e as violentas sequelas", salientou Bozkir.
O presidente da Assembleia-geral da ONU disse ainda que a segurança dos 'rohingyas' e de outras minorias no Bangladesh deve ser garantida.
"Os direitos básicos, incluindo a cidadania e a criação de condições propícias para um regresso voluntário, seguro, digno e sustentável de todos os refugiados e deslocados internos 'rohingyas' devem ser respeitados", concluiu.
No passado dia 18 de maio, uma nova conferência de doadores internacionais conseguiu angariar 206 milhões de dólares (cerca de 168 milhões de euros) para apoiar o Bangladesh na gestão da crise dos refugiados 'rohingya'.
O valor garante cerca de um terço do montante global necessário para assegurar, em 2021, um plano de apoio a estes refugiados, que segundo os cálculos das organizações internacionais, nomeadamente do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR), ronda os 943 milhões de dólares (cerca de 771 milhões de euros).
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