Num comunicado, os chefes da diplomacia dos países do grupo dos sete países mais industrializados do mundo - G7 (Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos) e a União Europeia denunciaram a "ameaça à segurança de passageiros e tripulantes" do voo desviado no domingo para Minsk, sublinhando que o episódio representa "uma grave violação das normas que regem a aviação civil".
Os ministros também protestaram contra o "grave ataque à liberdade de imprensa" na Bielorrússia.
"Vamos redobrar os nossos esforços, em particular impondo novas sanções para responsabilizar as autoridades bielorrussas", acrescentaram.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros também apelaram à Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), que se reúne hoje, para "tratar, com urgência, deste desafio às suas regras e normas".
"Usaremos todas as ferramentas à nossa disposição para responsabilizar o regime" do Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, disse o chefe da diplomacia britânico, Dominic Raab, na rede social Twitter.
O Reino Unido, que este ano preside ao G7, prepara-se para ser o anfitrião da cimeira de chefes de Estado e Governo em 11 de junho, na Cornualha (sudoeste da Inglaterra).
Por outro lado, Stepan Putilo, fundador do canal de oposição bielorrusso Telegram Nexta, e os pais de Protasevich apelaram hoje à comunidade internacional para pressionar a Bielorrússia a libertar o jornalista, durante uma conferência de imprensa na "Casa Bielorrussa", sede da oposição democrática bielorrussa em Varsóvia.
"Infelizmente, sabemos que Roman está a ser torturado. No vídeo podemos ver feridas no seu pescoço e os pulsos escondidos com maquilhagem", disse Putilo, referindo-se a um vídeo de meio minuto que Minsk tornou público e no qual Protasevich pode ser visto vestindo roupas largas e a dizer que o estão a tratar corretamente.
Natalia Protasevich, a mãe de Roman, assegurou que o jornalista "foi claramente torturado".
"Conheço os seus gestos (...) o seu rosto mostra que foi torturado", referiu a mãe do jornalista.
O fundador do Nexta, perseguido pelo Governo de Lukashenko pelas suas atividades contra o regime, pediu "ajuda, proteção e segurança da Polónia" e afirmou que "só o isolamento internacional da Bielorrússia e o seu reconhecimento como regime terrorista podem ajudar".
Os pais do jornalista detido declararam a sua intenção de recorrer ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos e expressaram o seu temor pelo estado de saúde do filho, pedindo ainda a ajuda "de todos os jornalistas, governos e qualquer pessoa com poder e influência para libertá-lo".
O Governo polaco expressou a sua intenção de levar a fóruns internacionais um pedido de sanções económicas contra Lukashenko e, a partir de sexta-feira, a Polónia proibirá o uso de seu espaço aéreo para todos os voos operados por companhias aéreas bielorrussas.
Roman Protasevich foi diretor dos canais Telegram Nexta e Nexta Live, que se tornaram as principais fontes de informação nas primeiras semanas de protestos antigovernamentais após as eleições presidenciais de agosto de 2020 na Bielorrússia.
O ativista e a sua companheira foram detidos pelas autoridades bielorrussas no domingo, quando os cerca de 120 passageiros do avião da companhia aérea irlandesa Ryanair -- que fazia a rota Atenas-Vílnius - foram forçados a submeter-se a novo controlo em Minsk, devido a um alerta de bomba que não se confirmou.
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