O ministro das Relações Externas turco, Mevlut Çavusoglu, já está hoje na Grécia e, na segunda-feira, antes de se reunir com seu colega grego, Nikos Dendias, será recebido pelo primeiro-ministro da Grécia, Kyriakos Mitsotakis.
Em abril, Dendias realizou uma viagem oficial à Turquia, onde também foi recebido pelo Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, em Ancara.
O principal objetivo da reunião ministerial de segunda-feira será "preparar o terreno" para que possa haver um primeiro encontro entre Mitsotakis e Erdogan à margem da cimeira da NATO, em 14 de junho, afirmou Çavusoglu, em entrevista ao jornal grego To Vima.
Hoje Çavusoglu fará uma visita privada à região norte da Trácia, na fronteira com a Turquia, local onde habita uma minoria muçulmana que Atenas considera grega e Ancara turca.
Esta comunidade esteve precisamente no centro de uma disputa verbal entre os dois ministros, durante uma conferência de imprensa, em abril, no seguimento de um encontro entre ambos em Ancara.
Çavusoglu fez questão de falar da minoria turca perante o seu convidado, que o corrigiu publicamente dizendo que se tratava de uma minoria grega muçulmana, conforme consta do Tratado de Lausanne, de 1923, que reconheceu a nova República da Turquia, sucessora do extinto Império Otomano.
Este tratado estipula que todos os cristãos ortodoxos na Turquia deveriam estabelecer-se na Grécia e todos os muçulmanos na Grécia deveriam ir para a Turquia, mas não incluiu nessa "troca de população" os muçulmanos da Trácia e os cristãos ortodoxos de Istambul.
Atenas espera que Ancara não tenha interesse em reavivar as polémicas entre os dois países a um mês antes da cimeira da União Europeia (UE) que analisará as atividades da Turquia face à exploração de campos de gás e de petróleo no Mediterrâneo oriental, onde tanto a Grécia como a UE têm interesses.
Atualmente, o principal foco do conflito entre os dois países vizinhos é precisamente a delimitação das respetivas zonas económicas exclusivas no Mediterrâneo oriental.
Atenas insiste que a delimitação das plataformas continentais e zonas económicas exclusivas (ZEE) de ambos os países é a única controvérsia bilateral e pode ser resolvida com base na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (UNCLOS), da qual ambos países fazem interpretações completamente diferentes e que não foi assinada pela Turquia.
Nos últimos cinco anos o diálogo entre os dois países foi suspenso e as relações bilaterais deterioraram-se até atingirem em 2020 o pior nível dos últimos 25 anos.
No entanto, a Grécia e a Turquia retomaram as negociações em janeiro deste ano, após um intenso esforço diplomático do Secretário-Geral da OTAN, Jens Stoltenberg, e da chanceler alemã, Angela Merkel.
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