"A crise provocada pela pandemia de covid-19 colocou em maior evidência a importância da cooperação para o desenvolvimento", defendeu Jorge Moreira da Silva, diretor de Cooperação para o Desenvolvimento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), durante um seminário 'online'.
"Se todos sabemos que a pobreza e as desigualdades são o centro das preocupações das políticas de ajuda ao desenvolvimento, então com esta pandemia fica mais claro que sem mais cooperação, não conseguiremos sair desta crise", afirmou.
Moreira da Silva fez estas declarações no seminário "América Latina na nova política de Cooperação da UE: Desenvolvimento em transição", promovido pela Casa da América Latina e a Fundación Euroamérica, em colaboração com a Comissão Europeia.
Para Moreira da Silva, os países mais pobres e vulneráveis já estavam a ser afetados nos últimos anos pela crise de refugiados, pela crise económica e pelas alterações climáticas.
"Esta crise aumentou a pobreza. Cem milhões de pessoas foram atiradas para a pobreza extrema em 2020. Esta crise aumentou as desigualdades, basta ver que 55% da população mundial não tem qualquer proteção social" referiu.
Para Moreira da Silva, a crise provocada pela pandemia aumentou as desigualdades entre países e dentro dos próprios países.
"Esta crise veio evidenciar a importância da cooperação para o desenvolvimento do ponto de vista financeiro", sublinhou.
Moreira Silva declarou que, ao conhecer este cenário de crise que se vive, é preciso apostar em três planos para ajudar os países mais vulneráveis: reforço do multilateralismo, acesso equitativo a vacinas e reconstrução dos países -- ajudando a resolver as desigualdades e a minimizar as alterações climáticas.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.551.488 mortos no mundo, resultantes de mais de 170,6 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 17.025 pessoas dos 849.538 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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