Cardeal alemão demite-se por fracasso na "catástrofe dos abusos sexuais"

O arcebispo de Munique e antigo presidente da Conferência Episcopal Alemã, Reinhard Marx, pediu ao Papa Francisco para ser dispensado das suas funções, reconhecendo "um fracasso" da Igreja Católica na "catástrofe dos abusos sexuais" na instituição.

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Lusa
04/06/2021 11:50 ‧ 04/06/2021 por Lusa

Mundo

Igreja Católica

O anúncio foi hoje feito pelo clérigo, que acentuou ser uma forma de partilhar a responsabilidade pelos crimes cometidos ao longo dos anos no seio da Igreja Católica.

"Para mim, trata-se essencialmente de partilhar a responsabilidade pela catástrofe dos abusos sexuais cometidos por responsáveis da Igreja durante as últimas décadas", justificou Marx, na missiva enviada ao Papa e tornada pública num comunicado.

Na mesma carta, o arcebispo de Munique denunciou um "fracasso institucional ou sistémico" no vasto escândalo que também está a atingir a Igreja Católica Alemã.

Em março, um relatório independente pedido pela Igreja Católica na Alemanha concluiu que 314 menores sofreram violência sexual por parte de 202 membros do clero e leigos entre 1975 e 2018 na diocese alemã de Colónia.

Mais da metade dos abusos envolveram crianças menores de 14 anos, principalmente meninos, indicou o advogado Björn Gercke, durante a apresentação do relatório de cerca de 800 páginas sobre a maior diocese da Alemanha.

O cardeal conservador Rainer Maria Woelki causou alvoroço no ano passado ao recusar-se a tornar público um primeiro relatório, elaborado a seu pedido, por um escritório de advocacia de Munique, alegando violação da proteção de dados.

A decisão exasperou as vítimas, provocou a debandada em massa de fiéis da diocese e a incompreensão dos seus pares.

"É a maior crise que a Igreja já viveu", considerou Tim Kurzbach, presidente do Conselho Diocesano de Colónia, que reúne eclesiásticos e leigos.

Leia Também: Covid-19. Padres rendem-se às celebrações religiosas virtuais

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