Vários milhares de pessoas reuniram-se na capital da Hungria, no sábado passado, para protestar contra o acordo com a Universidade Fudan, sediada em Xangai, para abrir uma filial na cidade, citando o custo e as ligações da instituição ao Partido Comunista da China.
O plano, apoiado pelo primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, prevê que o 'campus' de Budapeste esteja concluído até 2024.
Trata-se do primeiro 'campus' universitário chinês nos 27 países membros da União Europeia.
O plano é uma plataforma importante para o intercâmbio entre pessoas e está "alinhado com a tendência atual dos tempos e com os interesses de todas as partes", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Wenbin, em conferência de imprensa.
"Esperamos que as pessoas relevantes na Hungria assumam uma atitude objetiva, racional e científica, evitem politizar e estigmatizar as trocas normais entre pessoas, entre a China e a Hungria, e mantenham a situação geral de amizade e cooperação entre os dois países", disse Wang.
Orban, um populista de direita, fomentou laços mais estreitos com a Rússia e a China, enquanto enfrenta críticas da União Europeia sobre os seus modos autoritários e firme postura anti-imigração.
As autoridades da cidade de Budapeste opuseram-se à ideia da filial da universidade chinesa, dizendo que o projeto de quase 1,5 mil milhões de euros representaria um enorme fardo para os contribuintes e enviaria uma mensagem política errada por causa do histórico da China em Direitos Humanos.
"Vamos deixar claro contra quem não estamos a protestar", disse o prefeito de Budapeste, Gergely Karácsony, aos manifestantes. "Temos o nosso problema com os ditadores. (...) E não estamos a protestar minimamente contra os chineses que convivem pacificamente connosco nesta cidade maravilhosa", ressalvou.
O Ministro do Gabinete do primeiro-ministro, Gergely Gulyás, disse no domingo que o povo de Budapeste vai poder decidir em referendo se o projeto da Fudan avança, assim que os custos e outras condições estejam finalizados.
As autoridades húngaras insistiram que a Fudan, classificada entre as 100 melhores universidades do mundo, ajudará a elevar os padrões do ensino superior na Hungria.