Nuclear: Irão denuncia "abordagem tendenciosa" da AIEA após críticas
O Irão denunciou hoje "a abordagem tendenciosa" da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), que criticou a falta de cooperação de Teerão para esclarecer a origem de vestígios de materiais nucleares em quatro locais não declarados.
© Reuters
Mundo AIEA
O representante iraniano junto da AIEA, Kazem Gharibabadi, considerou que aquela abordagem "ignora o nível de cooperação e compromisso" do seu país e pode tornar-se "um obstáculo para futuras interações de boa vontade entre as duas partes".
O diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, criticou na segunda-feira o Irão num discurso perante o Conselho de Governadores da agência, indicando que Teerão até agora apenas respondeu parcialmente e sem apresentar documentação às perguntas dos inspetores internacionais.
Grossi declarou-se "profundamente preocupado" por existir "uma indicação clara de que material e/ou equipas contaminadas" estiveram nos locais em causa e "a agência não saber onde esse material está agora".
Através da rede social Twitter, Gharibabadi disse que o relatório em que se baseia o diretor-geral da AIEA "não é coerente em relação ao contexto de cooperação entre as duas partes, não é credível porque não tem fontes fiáveis, não é convincente porque não contém todos os aspetos da cooperação e do progresso feito", segundo a agência noticiosa espanhola EFE.
"O compromisso construtivo requer um ambiente positivo, evitando-se a expressão de quaisquer preconceitos e preocupações artificiais, assim como o exagero desnecessário de algumas questões triviais", considerou o diplomata iraniano.
"A agência não deveria agir como se estivesse a apoiar a agenda política de uns contra outros", acrescentou.
Gharibabadi instou a AIEA a "distanciar-se de qualquer programa político" e a adotar "uma posição clara sobre a ameaça nuclear do regime israelita", que permanece à margem do Tratado de Não Proliferação (TNP).
Segundo um texto da organização não-governamental norte-americana Centro de Controlo de Armas e Não Proliferação, datado de 31 de março de 2020, "crê-se que Israel possui 90 ogivas nucleares (...) e produziu plutónio suficiente para 100-200 armas".
Grossi alertou ainda na segunda-feira que "a falta de progresso no esclarecimento das questões da agência (...) afeta seriamente a capacidade da agência para dar garantias sobre a natureza do programa nuclear do Irão".
Esta disputa com a AIEA acontece ao mesmo tempo que decorrem há dois meses em Viena negociações sobre a recuperação do acordo nuclear de 2015 entre o Irão e as grandes potências.
O pacto limitava o programa nuclear iraniano em troca do levantamento de sanções contra a República Islâmica para evitar que Teerão obtivesse a arma atómica.
Em 2018, os Estados Unidos abandonaram o acordo nuclear e restabeleceram pesadas sanções. Um ano depois, o Irão começou gradualmente a deixar de cumprir as suas obrigações.
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