A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse hoje numa conferência de imprensa em Bruxelas que, conjuntamente com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, vai debater com Boris Johnson os problemas com o protocolo da Irlanda do Norte.
"A UE está determinada em fazer o protocolo funcionar para o bem de todos na Irlanda do Norte. Vergamo-nos durante anos para encontrar soluções", afirmou hoje von der Leyen, antes da partida para a cimeira.
"Temos mostrado flexibilidade, vamos mostrar flexibilidade, mas o Acordo de Saída tem de ser implementado na sua integridade", vincou.
Negociações na quarta-feira em Londres entre o secretário de Estado para as Relações Europeias britânico, David Frost, e o Comissário Europeu para as Relações Interinstitucionais, Maros Sefcovic, para superar divergências terminaram sem progresso. Ao abrigo do acordo para a saída do Reino Unido da UE, a Irlanda do Norte manteve-se na prática no mercado único, pelo que os controlos alfandegários das mercadorias da Grã-Bretanha (Inglaterra, País de Gales e Escócia) são efetuados nos portos da Irlanda do Norte, embora tenha sido acordado que estes seriam introduzidos gradualmente.
Porém, as novas medidas estão a causar problemas na circulação de algumas mercadorias, nomeadamente produtos alimentares de origem animal, gerando tensões no território.
O Reino Unido quer um sistema que reconheça as normas sanitárias e fitossanitárias britânicas como estando ao mesmo nível da UE, mas sem necessitar de um alinhamento obrigatório às regras europeias.
O prolongamento unilateral do período de carência de certos controlos alfandegários nos portos da Irlanda do Norte por seis meses, até 01 de outubro, levou a Comissão Europeia a levantar um processo de infração contra o Reino Unido em março.
As notícias de que o Governo britânico estará a considerar uma extensão do período de adaptação para carne refrigerada, que deveria terminar em 30 de junho, fez surgir na imprensa britânica a ameaça de uma "guerra de salsichas".
O jornal The Times noticiou, entretanto, que a atual encarregada de negócios dos Estados Unidos em Londres, Yael Lempert, se encontrou com David Frost e acusou o Reino Unido de "inflamar" as tensões por causa de recusar impor os controlos aduaneiros.
A diplomata terá intervindo a pedido do presidente norte-americano Joe Biden, que tem ascendência irlandesa e tem insistido na proteção do processo de paz na Irlanda do Norte, o qual vai tem um encontro marcado para hoje com Boris Johnson.
A cimeira do G7 decorre presencialmente na Cornualha, sudoeste de Inglaterra, entre sexta-feira e domingo, juntando dirigentes dos países do G7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) e da União Europeia.
Para esta edição foram convidados o secretário-geral da ONU, António Guterres, e os líderes da Austrália, África do Sul, Coreia do Sul e Índia, mas este último vai intervir por videoconferência.
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