"Em pouco mais de quatro meses, Myanmar deixou de ser uma democracia frágil para se tornar uma catástrofe de direitos humanos. Cada um dos líderes militares é responsável por esta crise e deve prestar contas", apontou Michelle Bachelet, em comunicado.
A responsável afirmou que mais de 108.000 pessoas fugiram de casa no estado de Kayah, no leste do país, nas últimas três semanas, e o seu gabinete citou "relatos fiáveis" de que as forças de segurança bombardearam casas de civis e igrejas e bloquearam o acesso para ajuda humanitária.
"Os militares de Myanmar, os Tatmadaw [forças armadas], têm o dever de proteger os civis. A comunidade internacional precisa de se unificar na exigência de que os Tatmadaw cessem o uso ultrajante de artilharia pesada contra civis e alvos civis", acrescentou.
Os militares, que depuseram o governo eleito de Aung San Suu Kyi em fevereiro, enfrentam uma ampla oposição ao seu governo, que começou inicialmente com manifestações pacíficas em larga escala.
Depois de os soldados e polícias terem usado força letal para esmagar esses protestos, uma insurreição armada de baixo nível começou a emergir, tanto nas cidades como nos campos.
O gabinete de Bachelet voltou a citar relatos fiáveis de que pelo menos 860 pessoas foram mortas pelas forças de segurança desde 01 de fevereiro, maioritariamente durante as manifestações, e que mais de 4.800 pessoas -- incluindo ativistas, jornalistas e opositores da junta -- foram detidos de forma arbitrária.
Segundo o seu gabinete, a alta-comissária deve atualizar o principal órgão de direitos humanos da ONU, o Conselho dos Direitos Humanos, durante a próxima sessão, em julho.
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