"Encontramo-nos num momento fulcral para a Aliança e o dia de hoje irá abrir um novo capítulo nas relações transatlânticas", destacou Jens Stoltenberg.
O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês) falava aos jornalistas à entrada para a cimeira da NATO, que decorre hoje em Bruxelas, e que irá reunir os chefes de Estado e de Governo da Aliança.
Abordando os diferentes pontos que irão estar em cima da mesa durante a cimeira dos líderes, Stoltenberg começou por destacar as "ações agressivas da Rússia", que levaram as atuais relações entre os dois blocos ao "ponto mais baixo desde o fim da Guerra Fria".
"Estou confiante de que os líderes da NATO irão confirmar a nossa abordagem de duas vias relativamente à Rússia: uma defesa robusta, combinada com diálogo", disse o responsável.
"Também tenho a certeza de que os líderes irão aproveitar a oportunidade para consultar o Presidente Biden antes do seu encontro com o Presidente Putin", apontou ainda Stoltenberg, referindo-se ao encontro entre o chefe de Estado norte-americano e o seu homólogo russo que irá decorrer em Geneva, Suíça, em 16 de junho.
No que se refere à China, outro dos principais temas que irá ser discutido pelos líderes, Stoltenberg sublinhou que Pequim não é um "adversário" nem um "inimigo" para a Aliança, mas o seu "comportamento coercivo" e a sua "influência crescente" criam "desafios" que precisam de ser abordados de maneira "conjunta".
Nesse sentido, o secretário-geral destacou a importância do processo de reflexão NATO 2030 -- que visa projetar o futuro da Aliança e desembocar numa revisão do seu atual conceito estratégico -- e manifestou a esperança de que os líderes irão "concordar numa agenda ambiciosa e que olha para o futuro".
"Trata-se de reforçar a nossa defesa coletiva, fortalecer a nossa resiliência e tornar mais robusta a nossa vantagem tecnológica. E, pela primeira vez na história, tornar o clima e a segurança uma tarefa importante para a nossa Aliança", frisou ainda Stoltenberg.
Referindo que, para tal, são necessários mais recursos financeiros, o secretário-geral destacou que é "preciso investir mais", apesar de reconhecer que 2021 foi o "sétimo ano consecutivo em que houve um aumento nos gastos em defesa na Europa e no Canadá".
"Estou confiante de que os líderes da NATO irão investir mais de maneira conjunta, para corresponder ao nosso nível mais alto de ambição. Acho que será um multiplicador de forças e demonstrará a unidade da nossa Aliança", asseverou Stoltenberg.
Naquela que será a primeira cimeira da Aliança a contar com a participação do novo Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, o secretário-geral sublinhou ainda que "saúda" o facto de o chefe de Estado norte-americano estar "muito empenhado" na NATO.
No entanto, Stoltenberg destacou também que os últimos quatro anos - uma alusão à administração do ex-presidente norte-americano, Donald Trump, que considerava a NATO um "mau negócio" - mostraram também que "instituições fortes como a NATO" vão além de "líderes individuais".
"A NATO continuou a trabalhar [durante esses quatro anos] e a cumprir nas suas tarefas fundamentais: a defesa e a dissuasão. Iremos ter diferentes líderes políticos, mas, com instituições fortes, com uma NATO forte, podemos resistir aos ventos políticos", apontou Stoltenberg.
Referindo que esse é um "argumento adicional" para garantir que a NATO mantém a "forte ligação" entre a América do Norte e a Europa, o secretário-geral qualificou ainda a organização como a Aliança "com mais sucesso da história".
"Tenho a certeza absoluta de que as decisões que iremos tomar hoje irão enviar uma mensagem forte de união, resolução, de que estamos a tornar a NATO mais forte nesta idade de competição global", frisou ainda Stoltenberg.
Os chefes de Estado e de Governo da NATO reúnem-se hoje em Bruxelas para "reforçar o laço transatlântico", abordar os desafios criados por China e Rússia, e projetar o futuro da Aliança num mundo de "competição global".