Conselho de Segurança da ONU apela a eleições "livres e justas" no Mali
O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) apelou hoje à realização de eleições "livres e justas" no Mali, em fevereiro de 2022, sem participação dos atuais dirigentes, defendendo a renovação da força de manutenção de paz.
© Reuters
Mundo Mali
"A prioridade absoluta deve ser a organização das eleições presidenciais de 27 de fevereiro de 2022", sem a candidatura dos responsáveis pelo recente golpe no país, disse o embaixador francês Nicolas de Rivière, numa reunião do Conselho de Segurança.
Após o anúncio do fim da operação militar francesa Barkhane, o diplomata assegurou que a França "manterá uma presença militar significativa para acompanhar e apoiar as forças do Sahel com os seus parceiros europeus".
"É essencial que as eleições de fevereiro de 2022 sejam livres e justas e sejam geridas por autoridades eleitorais competentes e imparciais, utilizando processos transparentes", afirmou Jeffrey DeLaurentis, embaixador adjunto dos Estados Unidos da América na ONU, uma posição apoiada pelo México, Noruega, Irlanda e Níger.
Quanto à Missão da ONU no Mali (Minusma), cujo mandato deverá ser renovado na véspera do seu termo, em 30 de junho, vários membros declararam o seu apoio a uma prorrogação de um ano, sem qualquer alteração da sua força. A China e o Vietname declararam-se a favor da "manutenção do limite máximo" do número de pessoal militar e policial atualmente autorizado, que é de cerca de 15.000.
Isolada sobre este ponto, a França considerou que "a questão de um aumento" do número de forças de manutenção da paz deveria ser colocada, depois de lamentar o facto de haver apenas 2.000 elementos das forças de manutenção da paz no centro do país.
Os Estados Unidos voltaram a rejeitar um pedido de Paris e dos países africanos para criar um gabinete de apoio da ONU para a força anti-'jihadista' do G5 Sahel que seria financiada a partir de contribuições obrigatórias da ONU.
"É importante manter uma linha clara entre o contra-terrorismo e a manutenção da paz, a fim de proteger a imparcialidade e o pessoal da ONU", argumentou Jeffrey DeLaurentis.
Após o anúncio do fim da missão Barkhane e a suspensão decidida por Paris no início de junho das operações militares conjuntas entre a França e o Mali, a Rússia considerou "irresponsável neste momento abandonar o país à sua sorte, considerando a redução da assistência militar e financeira que recebe".
"As apostas são demasiado altas para a segurança no Mali e em toda a sua região", disse a vice-embaixadora russa Anna Evstigneeva.
O Mali, foco central do 'jihadismo' na região do Sahel, foi cenário de duas tomadas do poder em nove meses por parte de Assimi Goita e do seu grupo de coronéis.
No primeiro golpe, em 18 de agosto de 2020, os militares derrubaram o então Presidente Ibrahim Boubacar Keita, enfraquecido por meses de protestos liderados pelo M5/RFP.
Sob pressão internacional, a junta militar que assumiu na altura o poder comprometeu-se a um período de transição limitado a 18 meses e liderado por civis.
Em 24 de maio, porém, o coronel Goita, que se manteve sempre como o verdadeiro homem forte do Governo de transição, deitou por terra o anterior compromisso e mandou prender o Presidente interino e o primeiro-ministro transitório, ambos civis.
Desde então, o oficial assumiu-se como Presidente interino, uma decisão caucionada pelo Tribunal Constitucional do país, que empossou Goita.
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