Hamas denuncia "procrastinação" de Israel face à crise em Gaza

O movimento islâmico Hamas, no poder na Faixa de Gaza, denunciou hoje os obstáculos colocados por Israel ao amenizar da crise humanitária no território palestiniano depois da guerra entre ambos, após um encontro com uma delegação da ONU.

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© ANAS BABA/AFP via Getty Images

Lusa
21/06/2021 16:55 ‧ 21/06/2021 por Lusa

Mundo

Hamas

O emissário das Nações Unidas para o Médio Oriente, Tor Wennesland, chegou hoje com a sua equipa ao enclave palestiniano para se encontrar com dirigentes do Hamas, um mês depois da entrada em vigor de um cessar-fogo entre o movimento radical e Israel.

A delegação da ONU transmitiu uma "mensagem negativa" da parte de Israel, indicou uma fonte do Hamas, que não quis ser identificada e sem dar mais pormenores.

"Ouviram-nos atentamente, mas infelizmente, nada indica que haja intenções de resolver a crise humanitária na Faixa de Gaza", afirmou o chefe do gabinete político do Hamas no enclave, Yahya Sinwar.

A reunião foi "má, nada positiva", adiantou numa conferência de imprensa, anunciando a realização de uma reunião nas próximas horas das fações em Gaza.

"As fações discutirão todos os cenários para responder à política de procrastinação da ocupação (Israel) que explora a situação humanitária em Gaza", indicou a fonte não identificada do Hamas, segundo a agência France-Presse.

Israel impede a distribuição de combustível para a central elétrica, mantém fechados pontos de passagem, impede o acesso dos pescadores a determinadas zonas, proíbe a entrada de ajuda internacional, acusou Sinwar.

Responsáveis palestinianos tinham dito antes que Israel aliviou a partir de hoje algumas das restrições à Faixa de Gaza, permitindo exportações do território através de uma passagem com o território israelita.

Precisaram que 11 camiões de roupa para exportação atravessaram hoje a passagem de Kerem Shalom pela primeira vez em 40 dias, adiantando ter sido retomado o serviço de correio dentro e fora de Gaza.

No domingo à noite, as autoridades israelitas anunciaram o recomeço limitado a partir de hoje das exportações de produtos agrícolas a partir da Faixa de Gaza, o que não acontecia desde a última guerra.

Questionado pela AFP, o gabinete de Tor Wennesland não quis comentar.

A empobrecida Faixa de Gaza com mais de dois milhões de habitantes está sob bloqueio israelita desde que o Hamas assumiu o poder no território em 2007.

A guerra de 11 dias (10 a 21 de maio) entre Israel e o Hamas causou 260 mortos do lado palestiniano, incluindo crianças, adolescentes e combatentes, e 13 do lado israelita, entre os quais uma criança, um adolescente e um soldado.

Durante a última semana, o Hamas lançou balões incendiários para Israel, que respondeu com bombardeamentos aéreos contra presumíveis posições do movimento islâmico na Faixa de Gaza, o que fez temer um recomeço das hostilidades, quando o vizinho Egito tenta consolidar a trégua entre os dois campos.

Leia Também: Primeiro-ministro de Israel adverte Hamas de que "a paciência esgotou"

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