O emissário das Nações Unidas para o Médio Oriente, Tor Wennesland, chegou hoje com a sua equipa ao enclave palestiniano para se encontrar com dirigentes do Hamas, um mês depois da entrada em vigor de um cessar-fogo entre o movimento radical e Israel.
A delegação da ONU transmitiu uma "mensagem negativa" da parte de Israel, indicou uma fonte do Hamas, que não quis ser identificada e sem dar mais pormenores.
"Ouviram-nos atentamente, mas infelizmente, nada indica que haja intenções de resolver a crise humanitária na Faixa de Gaza", afirmou o chefe do gabinete político do Hamas no enclave, Yahya Sinwar.
A reunião foi "má, nada positiva", adiantou numa conferência de imprensa, anunciando a realização de uma reunião nas próximas horas das fações em Gaza.
"As fações discutirão todos os cenários para responder à política de procrastinação da ocupação (Israel) que explora a situação humanitária em Gaza", indicou a fonte não identificada do Hamas, segundo a agência France-Presse.
Israel impede a distribuição de combustível para a central elétrica, mantém fechados pontos de passagem, impede o acesso dos pescadores a determinadas zonas, proíbe a entrada de ajuda internacional, acusou Sinwar.
Responsáveis palestinianos tinham dito antes que Israel aliviou a partir de hoje algumas das restrições à Faixa de Gaza, permitindo exportações do território através de uma passagem com o território israelita.
Precisaram que 11 camiões de roupa para exportação atravessaram hoje a passagem de Kerem Shalom pela primeira vez em 40 dias, adiantando ter sido retomado o serviço de correio dentro e fora de Gaza.
No domingo à noite, as autoridades israelitas anunciaram o recomeço limitado a partir de hoje das exportações de produtos agrícolas a partir da Faixa de Gaza, o que não acontecia desde a última guerra.
Questionado pela AFP, o gabinete de Tor Wennesland não quis comentar.
A empobrecida Faixa de Gaza com mais de dois milhões de habitantes está sob bloqueio israelita desde que o Hamas assumiu o poder no território em 2007.
A guerra de 11 dias (10 a 21 de maio) entre Israel e o Hamas causou 260 mortos do lado palestiniano, incluindo crianças, adolescentes e combatentes, e 13 do lado israelita, entre os quais uma criança, um adolescente e um soldado.
Durante a última semana, o Hamas lançou balões incendiários para Israel, que respondeu com bombardeamentos aéreos contra presumíveis posições do movimento islâmico na Faixa de Gaza, o que fez temer um recomeço das hostilidades, quando o vizinho Egito tenta consolidar a trégua entre os dois campos.
Leia Também: Primeiro-ministro de Israel adverte Hamas de que "a paciência esgotou"