Atacante do Louvre em 2017 confirma lealdade ao Estado Islâmico

O cidadão egípcio que atacou militares franceses em 2017, junto ao museu do Louvre, em Paris, admitiu hoje, no seu julgamento, ter jurado lealdade ao grupo 'jihadista' Estado Islâmico antes do ataque, embora reiterando não ter intenção de matar.

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Lusa
22/06/2021 19:54 ‧ 22/06/2021 por Lusa

Mundo

Estado Islâmico

 

Abdalla El-Hamahmi está a ser julgado desde segunda-feira num tribunal especial da capital francesa por "tentativa de assassínio terrorista" e "associação criminosa terrorista".

A 03 de fevereiro de 2017, o jovem executivo de uma empresa com sede no Dubai precipitou-se, armado de dois machetes e gritando "Allah Akbar!" ("Deus é Grande!"), sobre quatro militares em patrulha dentro do Carrousel du Louvre, a galeria comercial que fica nas imediações do célebre museu parisiense.

Feriu ligeiramente um deles no couro cabeludo antes de ser gravemente ferido a tiro no abdómen por um dos elementos da patrulha.

O agressor explicou então que a sua ideia inicial era roubar obras do Louvre para alertar "o mundo ocidental" para o destino das crianças que morrem "a cada dia" na guerra da Síria.

Primeiro, apresentou-se como um militante do grupo extremista Estado Islâmico (EI), mas depois recuou, afirmando ter agido sozinho e referindo um "projeto pessoal".

Hoje interrogado sobre esta questão, admitiu ter querido juntar-se -- em vão -- ao califado do EI na Síria e, não tendo conseguido fazê-lo, ter desejado "fazer qualquer coisa" em França, por causa da "política seguida na Síria" por Paris.

O jovem egípcio reconheceu ter jurado lealdade à organização 'jihadista' num vídeo, pouco antes de levar a cabo o ataque.

No entanto, o ataque nunca foi reivindicado pelo EI.

"Eu queria partir a estátua da Vénus de Milo" e destruir "duas pinturas de Leonardo da Vinci, bem como um quadro de um pintor muito conhecido de cujo nome me esqueci", garantiu em árabe, traduzido por uma intérprete, do banco dos arguidos, afirmando que os dois machetes eram apenas "defensivos" para poder abrir caminho até às obras de arte.

"Eu queria cometer um ato que tivesse um imenso impacto, ao destruir quadros tão célebres e tão valiosos, tão preciosos", explicou.

Mas o presidente do tribunal, Laurent Raviot, perguntou-lhe por que não deu meia-volta ao deparar com os militares.

"Naquele momento exato, eu já não tinha espaço para pensar, precisava de agir, tive a impressão de ser como um robot, teleguiado, andava sem pensar", respondeu o acusado.

Quanto ao grito "Allah Akbar!", várias vezes repetido durante o ataque, "não era uma declaração de guerra", assegurou.

O julgamento deverá prosseguir até quinta-feira.

 

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