Ativistas exigem desculpas de primeiro-ministro paquistanês
Um total de 16 organizações feministas de direitos humanos instaram hoje o primeiro-ministro paquistanês a pedir desculpas por comentários que, segundo os ativistas, acusam as mulheres de provocarem violência sexual com a sua forma de vestir.
© Reuters
Mundo Violência sexual
Os comentários do primeiro-ministro, Imran Khan, são "perigosamente simplistas e reforçam a perceção pública de que as mulheres são vítimas que sabem o que estão a fazer (a criar tentações para os homens) e os homens são agressores indefesos", referiu, em comunicado a Comissão de Direitos Humanos do Paquistão (HRCP, na sigla em inglês).
Khan, que já tinha sido criticado há alguns meses por comentários semelhantes, afirmou, numa entrevista divulgada na segunda-feira na imprensa norte-americana, que se as mulheres vestem pouca roupa vão ser uma tentação para os homens.
"Se uma mulher usar pouca roupa, isso terá sempre impacto nos homens, a menos que eles sejam robôs", disse.
O político argumentou ainda que, no seu país, não existem discotecas ou clubes noturnos e que o convívio social é diferente no Paquistão.
"Se alguém provocar tentações numa sociedade onde todos os jovens têm um lugar para ir, isso terá consequências na sociedade", acrescentou.
A HRCP, em conjunto com outras 15 organizações, como a feminista Aurat March ou a Women's Action Forum exigiram hoje que o primeiro-ministro se retrate por estas declarações.
"Exigimos um pedido público de desculpas do primeiro-ministro e a sua garantia de que a sua visão errónea sobre como e por que razão as violações acontecem não influenciará a forma como o Governo lida com este grave crime no Paquistão", disseram as organizações.
Em abril passado, Khan já tinha provocado fortes críticas às suas opiniões sobre as roupas femininas.
"Se a nossa religião nos dá o conceito do véu é porque há alguma filosofia por detrás e essa filosofia é salvar o sistema familiar e proteger a sociedade", afirmou Khan durante um programa de televisão no qual respondia a perguntas dos cidadãos.
Perante as críticas, o ex-jogador de críquete e 'playboy' não retirou as suas palavras, mas o Governo indicou, em comunicado, que as suas declarações tinham sido distorcidas.
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