O combate é intenso em várias províncias afegãs, mas os rebeldes concentraram os seus esforços sobretudo no Norte do país, onde tomaram várias dezenas de distritos nos últimos dois meses, desde o início da retirada final das tropas dos Estados Unidos e da Nato.
Face ao avanço preocupante dos talibãs no Norte, longe dos seus tradicionais bastiões do Sul, o governo reagiu enviado forças para uma contraofensiva.
"Queremos lançar uma grande ofensiva para recuperar os territórios perdidos para o inimigo", declarou um porta-voz do Ministério da Defesa, Fawad Aman, à agência France Presse.
"As nossas forças estão a ser organizadas no terreno para essa operação", adiantou.
Centenas de soldados e milicianos pró-governamentais foram mobilizados nas províncias de Takhar e do Badakhshan (norte), onde os talibãs conquistaram grandes áreas de território quase sem lutar.
Estas duas províncias integravam os feudos das forças da Aliança do Norte, que se opôs durante os anos 1990 ao regime talibã, impedindo que este os controlasse.
A rapidez e facilidade com que os insurgentes talibãs tomaram agora aquelas províncias é um duro golpe psicológico para as autoridades afegãs.
Os responsáveis militares afegãos admitiram ter falhado na proteção de alguns distritos rurais isolados, prometendo concentrar os seus esforços na segurança dos grandes aglomerados, das principais estradas e das cidades fronteiriças.
A semana passada, as forças norte-americanas e da NATO abandonaram a base aérea de Bagram, a maior do Afeganistão, a 50 quilómetros a norte de Cabul, que foi o centro nevrálgico das suas operações desde o início da sua intervenção militar, desencadeada após os atentados de 11 de setembro de 2001.
Esta saída de Bagram, uma das etapas finais da sua retirada após 20 anos de guerra, teve o efeito de limitar o vital apoio aéreo fornecido até agora pelos Estados Unidos ao exército afegão, gerando receio de que as tropas afegãs, cada vez mais desmoralizadas, não consigam opor-se aos avanços dos rebeldes.
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