São Tomé: Candidato Abel Bom Jesus não tem dinheiro mas promete alegria
Na campanha de Abel Bom Jesus às presidenciais de São Tomé e Príncipe não há cartazes, não se distribuem t-shirts nem bonés à população, mas o agricultor promete oferecer alegria ao povo são-tomense.
© Lusa
Mundo São Tomé e Príncipe
Em Água Izé, uma pequena localidade à beira-mar no leste da ilha de São Tomé, dezenas de populares concentram-se junto a uma carrinha de caixa aberta, e acompanham o refrão da música que sai das colunas.
"Vamos votar no presidente do povo porque o presidente do povo é o nosso irmão Abel", cantam, em crioulo forro.
Enquanto dança com uma moradora, Abel Bom Jesus, um agricultor de 37 anos, vai lançando as suas ideias, de microfone em punho: "Eu estou pronto para libertar o país".
"Estamos a fazer uma campanha sem cartaz, sem camisola, sem chapéus. Porquê? Porque ao longo dos 46 anos fizeram com o chapéu, com camisola e com tudo, e a vida do povo não mudou", disse à Lusa o candidato "cem por cento independente".
Abel Bom Jesus é um dos 19 que concorrem à sucessão de Evaristo Carvalho na Presidência são-tomense, no próximo domingo.
"Para a vida do povo mudar, tem de ter oportunidades. Não é chapéu, não é camisola, não é o famoso banho, porque tomamos banho e continuamos com o corpo sujo", disse, referindo-se ao fenómeno de compra de votos em São Tomé e Príncipe.
Um dia depois de o Presidente cessante, Evaristo Carvalho, ter criticado a prática do 'banho' nesta campanha presidencial, o candidato quer mostrar que, consigo, as coisas são ao contrário.
"Eles querem dar-me banho", disse, exibindo uma garrafa de cerveja oferecida pelos habitantes de Água Izé.
Sobre este fenómeno, que Evaristo Carvalho classificou de "imoral e indecoroso", Abel Bom Jesus afirmou que só é possível acabar com a compra de votos através de "boa governação e oportunidades".
"É lógico que um povo que vive atravessando o deserto, quando vê uma gota de água, para ele é um oceano", comentou.
Confia na sua eleição porque, afirmou, representa "a classe maioritária".
"Realmente se o meu povo está a sofrer, ele não tem como votar nesses indivíduos porque eles já deram o melhor de si. E se até hoje não deram, não será agora ou amanhã", disse à Lusa.
Promete uma "Presidência aberta" e garante que estará "disponível para trabalhar com o primeiro-ministro", Jorge Bom Jesus, mas salienta que o Governo deve servir o povo e, por isso, não hesitará em tomar medidas "dentro daquilo que são as competências do Presidente da República".
"Mas, caso ele não queira fazer a vontade do nosso povo, sobretudo como a minha presidência será uma presidência aberta, irei consultar o meu povo e tomaremos as medidas que na altura forem necessárias, porque o Governo serve para governar e responder aos anseios do seu povo e não para fazer a vontade do próprio Governo", comentou.
De cima da carrinha, o popular músico são-tomense Sócio de La Vega canta algumas das suas canções mais conhecidas, acompanhado pelo público.
"Não temos dinheiro, mas temos alegria", assegurou o candidato.
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