Franceses "orgulhosos" no regresso do 14 de julho aos Campos Elísios
Nem a chuva, nem a obrigatoriedade do passe sanitário e nem mesmo a distância impediram milhares de franceses de acorrer ao regresso do tradicional desfile militar do Dia da Bastilha, hoje, algo que se deve fazer "pelo menos uma vez na vida".
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Mundo Desfile
"É bonito, é festivo, é preciso vir pelo menos uma vez na vida!", disse Philippe que veio com a família de Estrasburgo, na região da Alsácia, para assistir a este momento emblemático do calendário festivo gaulês, em declarações à Agência Lusa.
Em 2020, devido a pandemia da covid-19 a cerimónia ficou-se por uma pequena celebração na Praça Concorde, sendo o primeiro ano depois da Segunda Guerra Mundial em que não houve o tradicional desfile que traz aos Campos Elísios mais de 5.000 militares, tanques, aviões e helicópteros para celebrar o Dia da Bastilha.
O tema do desfile este ano, presidido pelo chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, foi uma homenagem às missões da França no exterior, nomeadamente a missão Takuba, uma missão no Mali que os franceses querem desenvolver após o anúncio do desmantelamento progressivo da operação Barkhane na região.
Esta operação conta com o apoio de parceiros europeus como Estónia, República Checa, Suécia, Itália, Grécia, Portugal, Hungria e Roménia. Assim, nos Campos Elísios, entre os 5.000 soldados franceses desfilou um militar português, e na tribuna de honra estava o ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho.
"Para França não há dúvida nenhuma que o 14 de julho tem um simbolismo extremamente intenso e em que a Nação se reconhece", disse na véspera o governante português, acrescentando que a pandemia tornou "mais visível" o trabalho das Forças Armadas.
Para os franceses, missões externas como Takuba continuam a fazer sentido.
"Nós criamos coligações internacionais e é importante mantê-las, não só de um ponto de vista diplomático, mas para ajudar a preservar a liberdade e governos legítimos que beneficiem as suas populações", declarou Nicolas, vindo de Amiens para ver a parada em Paris.
Se a demonstração do poder bélico voltou à chamada avenida mais bela do Mundo, o número de pessoas a assistir foi reduzido significativamente devido às condições sanitárias impostas pela pandemia. Philippe e a família ficaram tristes ao constatar que tinham chegado demasiado tarde para estar na primeira linha.
Este ano, para além de se chegar cedo para ter um bom lugar, há quem chegue à avenida entre as 6:00 e 7:00 da manhã para garantir a melhor vista possível, era também preciso apresentar um passe sanitário com a vacinação completa ou um teste PCR negativo.
Nicola tem só a primeira dose da vacina, portanto fez um teste PCR só para poder assistir ao desfile.
"É uma tradição, mas é uma demonstração republicana, temos orgulho em ver os nossos militares a desfilarem assim", declarou.
Apesar do debate em França sobre as declarações do Presidente da República, Emmanuel Macron, na segunda-feira, e a obrigação de apresentar o passe sanitário a partir de agosto para ir a um bar, restaurante ou cinema, as pessoas com quem a Agência Lusa falou, já estavam vacinadas e o tema não era fonte de controvérsia.
"Estamos todos vacinados, não me sinto oprimido por me ter vacinado, são só as regras sanitárias e é preciso respeita-las. Faz tudo parte dos atos de cidadania", sublinhou Philippe, completamente vacinado, tal como a mulher Claudine e a filha, Charlotte.
Coline, de 18 anos, também não hesitou em vacinar-se. "É algo altruísta, nós temos pouco risco, mas se a doença se agrava e nos tornamos um caso grave vamos tirar o lugar a alguém que pode precisar mais. Somos sempre livres de dizer não, claro que há contrapartidas e somos incitados a vacinar-nos, mas é por uma boa causa. É para nos proteger-nos e proteger os outros", explicou.
Steve, vindo dos Estados Unidos e a passar alguns dias de férias em França com a família, veio assistir ao que considera ser "o melhor desfile militar" que viu até hoje, diz que também há um debate no seu país sobre as vacinas, mas que é algo que se deve fazer para o bem de todos.
"Há também este debate nos Estados Unidos e acho que as pessoas devem poder escolher, embora estejamos a testar os limites das liberdades individuais. Acho que é algo que todos devemos fazer uns pelos outros", concluiu o americano vindo do Michigan.
Esta noite é também o regresso dos tradicionais fogos-de-artifício com público um pouco por toda a França, com algumas cidades a decretarem a utilização do passe sanitário para assistir, mesmo ao ar livre. Em Paris, os fogos são lançados da Torre Eiffel e há uma lotação de 15 mil pessoas na assistência.
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