O anúncio foi feito pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que leu no plenário o requerimento de prorrogação da Comissão.
A CPI da Pandemia foi instalada em 27 de abril com prazo inicial de três meses de funcionamento. Com a prorrogação, a CPI poderá trabalhar até ao início de novembro, segundo o próprio Senado.
A prorrogação da Comissão vinha sendo defendida pelos vários senadores, que queriam mais tempo para analisar documentos e colher depoimentos de testemunhas e investigados.
"Recebi um requerimento do senador Randolfe Rodrigues e outros senadores, solicitando a prorrogação do prazo da CPI da pandemia por 90 dias. O requerimento lido contém subscritores em número suficiente para prorrogar o prazo da Comissão, nos termos do art. 152 do Regimento Interno, e será publicado para que produza os devidos efeitos", disse Rodrigo Pacheco.
No início dos seus trabalhos, a CPI centrou-se maioritariamente em investigar possíveis "omissões" do Governo de Jair Bolsonaro no combate à pandemia e na negociação com os laboratórios para aquisição de vacinas contra a covid-19.
Contudo, revelações feitas nas últimas semanas por alguns depoentes desvendaram alegadas irregularidades de membros do executivo na aquisição de imunizantes, colocando o Governo e o próprio Presidente do Brasil sobre investigação policial.
Além das vacinas, a CPI também investiga a defesa de medicamentos sem eficácia contra a doença por parte do Governo, assim como a crise de oxigénio em Manaus, que no início do ano levou dezenas de pacientes à morte por asfixia.
Até ao momento, foram já chamados a depor ex-ministros de Bolsonaro, o atual chefe da pasta da Saúde, Marcelo Queiroga, funcionários do Governo, representantes de empresas farmacêuticas, entre outros.
Na semana passada, a CPI teve a sua primeira detenção, após o presidente da Comissão, Omar Aziz, mandar deter o ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde do Brasil Roberto Ferreira Dias sob a acusação de mentir em depoimento.
A CPI - composta por 11 membros, sete da oposição ao Governo de Bolsonaro e quatro outros que apoiam o líder de extrema-direita - deverá redigir um relatório no final dos seus trabalhos, que poderá ser encaminhado aos tribunais para o início de um processo judicial.
O Brasil, um dos países mais afetados pela pandemia em todo o mundo, totaliza 537.394 mortes e mais de 19,2 milhões de casos positivos de covid-19.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 4.053.041 mortos em todo o mundo, entre mais de 187,7 milhões de casos de infeção pelo novo coronavírus, segundo o balanço mais recente da agência France-Presse.