A China, onde a epidemia surgiu, no final de 2019, praticamente fechou as suas fronteiras, em março de 2020, limitando as ligações aéreas internacionais a uma por semana, por companhia aérea e por cidade de destino.
O país impõe restrições drásticas às pessoas que chegam do exterior, sujeitas a uma quarentena de pelo menos duas semanas, dependendo do local de destino.
Esta política é acompanhada de punições contra as companhias aéreas, com os voos cancelados durante um período de duas semanas.
Após a descoberta de seis casos positivos na chegada de um voo da Air France, entre Paris e a cidade portuária de Tianjin, as autoridades chinesas suspenderam aquela rota por um período de duas semanas.
Em resposta, Paris decidiu também suspender os voos operados por companhias chinesas, entre as três que voam para França: Air China, China Eastern e China Southern.
Esta questão foi abordada durante uma videochamada, realizada no início de julho, entre os presidentes de França e da Alemanha, Emmanuel Macron e Angela Merkel, respetivamente, e o homólogo chinês, Xi Jinping.
Os dois líderes europeus apelaram à restauração das ligações aéreas, de acordo com um comunicado da presidência francesa.
Alemanha e França são os únicos países a retaliarem contra a suspensão de voos imposta pela China.
"As companhias aéreas alemãs foram repetidamente afetadas por suspensões de voos pelas autoridades chinesas desde fevereiro de 2021", apontou o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, citado pela agência France Presse.
"Para combater a situação, a Alemanha suspendeu reciprocamente os voos das companhias aéreas chinesas", acrescentou.
A política chinesa dita a suspensão, por duas semanas, a partir de cinco casos positivos descobertos entre os passageiros. A punição aumenta para um mês de suspensão, se 10 ou mais casos forem descobertos.
Desde a entrada em vigor deste regulamento, a Air France foi sujeita a cerca de 15 proibições de voos.
Paris e Berlim consideram-se vítimas de discriminação, apontando que as empresas estrangeiras representam dois terços dos cancelamentos de voos, contra um terço das chinesas.
Nenhuma empresa norte-americana foi alvo de medidas semelhantes, apesar da prevalência do vírus nos Estados Unidos.
"Na nossa opinião, estas suspensões têm um efeito de distorção da concorrência", disse a diplomacia alemã.
As empresas visadas "não cometeram qualquer violação das exigências das autoridades chinesas em termos de controlo dos casos, o que poderia justificar a suspensão dos voos", acrescentou Berlim.
Também a ligação aérea entre Portugal e a China esteve suspensa duas semanas, no mês passado, após ter terem sido detetados sete casos de covid-19, em maio, num voo oriundo de Lisboa.
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