Rússia pondera zona económica especial em ilhas reivindicadas pelo Japão
O primeiro-ministro russo visitou hoje as ilhas do Pacífico reivindicadas pelo Japão, uma iniciativa que suscitou um protesto de Tóquio, e anunciou que Moscovo está a considerar criar uma zona económica especial naquela região.
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Mundo Mikhail Mishustin
Mikhail Mishustin está esta semana em digressão pelo Extremo Oriente e Sibéria da Rússia, e as ilhas Curilhas foram a sua primeira paragem, com uma visita a um hospital e a uma fábrica de peixe em Iturup.
Mishustin disse aos trabalhadores da fábrica que o Governo russo está a considerar criar uma zona económica especial nas ilhas, na qual as empresas e os investidores estariam isentos da maioria dos impostos e taxas alfandegárias.
A medida "poderia ser uma boa solução para os investidores, incluindo os do Ocidente, também para o Japão, que, se interessados, podem criar empregos aqui", disse Mishustin, citado pela agência Associated Press (AP).
Mishustin acrescentou que "este regime especial permitirá a intensificação da atividade económica" nas ilhas.
O primeiro-ministro disse ainda que vai discutir o projeto com o Presidente russo, Vladimir Putin, que, na sexta-feira, lhe pediu que "prestasse especial atenção" às ilhas Curilhas durante a sua viagem ao Extremo Oriente.
Chamadas "Curilhas do Sul" pela Rússia e "Territórios do Norte" pelo Japão, estas ilhas vulcânicas entre o mar de Okhotsk e o Oceano Pacífico estão no centro de um diferendo territorial que impede a assinatura de um tratado de paz entre dois países desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
Quatro ilhas do arquipélago, constituído por 56 ilhas e ilhotas, foram ocupadas pela então União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial e são administradas por Moscovo desde o final do conflito, em 1945.
O Japão considera oficialmente estas quatro ilhas como parte do seu território.
Tóquio exige o retorno das ilhas Iturup, Kunashir, Shikotan e Habomai e espera recuperar pelo menos duas delas, uma opção definida na Declaração União Soviética-Japão de 1965, segundo o Governo japonês.
Moscovo alega que o referido texto contempla primeiro a assinatura do tratado de paz antes de abordar o retorno de duas das ilhas mais pequenas do arquipélago, Shikotan e Habomai.
Décadas de esforços diplomáticos para negociar um acordo não produziram quaisquer resultados visíveis.
Pouco depois de tomar posse, em setembro passado, o recém-eleito primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, discutiu a disputa territorial num telefonema com Putin e disse esperar encontrar um acordo e assinar um tratado de paz.
Na sequência da visita de Mishustin a Iturup, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros japonês, Takeo Morri, convocou o embaixador russo em Tóquio, Mikhail Galuzin, para apresentar um protesto.
Galuzin disse que o protesto era "inaceitável à luz da posição fundamental do lado russo" sobre as ilhas Curilhas, segundo informou a embaixada russa na rede social Facebook.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia também protestou contra as ações das autoridades japonesas e instou "os parceiros a não deslizarem para uma linha destrutiva nas relações bilaterais".
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, declarou que Mikhail Mishutin é "o chefe do Governo russo e visita as regiões russas que considera necessário visitar".
"Há uma vontade política na Rússia para desenvolver boas relações com o Japão, e apreciamos muito a nossa cooperação económica", acrescentou o porta-voz.
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