UE condena "anúncios inaceitáveis" de Erdogan sobre Chipre
A União Europeia condenou hoje os "anúncios inaceitáveis" do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, sobre Chipre, principal obstáculo à normalização de relações com a Turquia, e ameaçou tomar medidas retaliatórias numa declaração validada pelos 27 Estados-membros.
© REUTERS/Bernadett Szabo
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Os líderes europeus mostraram-se determinados a "usar os instrumentos e opções" à sua disposição "no caso de ações unilaterais da Turquia contrárias ao direito internacional", assegura a declaração publicada pelo Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell.
"As ações" vão ser discutidas entre os ministros de Negócios Estrangeiros do bloco na próxima reunião, se a Turquia não reverter as ações contrárias às resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, adverte o documento.
Esta declaração segue a condenação unânime do Conselho de Segurança da ONU após as posições assumidas por Erdogan.
A nota foi validada pelas 27 capitais da União Europeia, o que explica o atraso na sua publicação, segundo relataram várias fontes europeias à agência France-Presse.
Chipre foi dividido desde a invasão da Turquia sobre um terço do território em 1974, entre a República do Chipre -- membro da UE -- que exerce a sua autoridade no sul, e a autoproclamada República Turca do Norte do Chipre em 1983, reconhecida apenas por Ancara.
O Presidente turco visitou o norte de Chipre em 20 de julho, aniversário da operação que levou à divisão da ilha, pedindo uma solução de dois Estados, rejeitada pela UE.
Ao mesmo tempo, apoiou o projeto de reabertura da antiga estância balnear de Varosha, abandonada pelos habitantes em 1974 e cercada por arame farpado pelo exército turco, na sequência da invasão.
"A União Europeia condena veementemente as medidas unilaterais tomadas pela Turquia e os anúncios inaceitáveis feitos pelo Presidente turco e pelo líder da comunidade cipriota turca em 20 de julho de 2021 sobre a reabertura da cidade cercada de Varosha. A UE apela ao cancelamento imediato dessas ações e de todas as medidas tomadas em Varosha desde outubro de 2020", pode ler-se no comunicado.
A nota prossegue, reafirmando que o bloco comunitário continua totalmente empenhado "numa resolução global do problema cipriota com base numa federação bicomunal e bizonal, em conformidade com as resoluções pertinentes do Conselho de Segurança da ONU".
As negociações para uma solução do problema cipriota estão paralisadas desde 2017.
Em abril, uma tentativa de reiniciar as negociações pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, cuja organização está a monitorizar uma zona tampão entre os dois lados da ilha, terminou em fracasso.
As relações entre a UE e a Turquia, candidata à adesão comunitária, deterioraram-se drasticamente desde 2016, particularmente devido à repressão do Presidente Erdogan contra qualquer forma de protesto, após uma tentativa de golpe.
Cada vez mais isolada do ponto de vista diplomático e a enfrentar dificuldades económicas, Ancara aumento os pedidos de normalização com a UE, mas os líderes europeus impuseram condições e uma delas é "uma solução abrangente" para a situação em Chipre.
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