A Indonésia tem agora o maior número de casos diários na Ásia, depois de as infeções e as mortes terem aumentado drasticamente no mês passado e o surto gigantesco na Índia ter abrandado.
As infeções atingiram o ponto mais alto em meados de julho, com a média diária mais elevada registada de mais de 50.000 novos casos num dia. Até meados de junho, o número diário de casos era cerca de 8.000.
Desde o início deste mês, quase 19.000 cidadãos estrangeiros deixaram o país pelo Aeroporto Internacional Sokarno-Hatta, situado na capital, Jacarta.
O êxodo aumentou significativamente só nos últimos três dias, que correspondem a quase metade de todas as partidas individuais este mês, indicou o responsável da autoridade da imigração no aeroporto, Sam Fernando.
O embaixador do Japão na Indonésia, Kenji Kanasugi, declarou que a dificuldade de arranjar vacinas para os cidadãos estrangeiros levou alguns cidadãos japoneses a dirigirem-se ao seu país natal para serem vacinados.
Os cidadãos japoneses e chineses somaram o maior número de partidas, com 2.962 e 2.219 pessoas respetivamente, seguidos de 1.6161 cidadãos sul-coreanos.
Os números do aeroporto mostram ainda a partida de 1.425 norte-americanos, bem como de 842 franceses, 705 russos, 700 britânicos, 615 alemães e 546 sauditas.
Inicialmente, só representantes de países estrangeiros e de organizações internacionais sem fins lucrativos podiam ter acesso ao programa de vacinação gratuita do Governo indonésio, até que, no mês passado, este foi alargado às pessoas a partir dos 60 anos, aos professores e funcionários educativos.
Mesmo assim, reportagens televisivas mostraram cidadãos estrangeiros a queixar-se das dificuldades que estavam a enfrentar para serem vacinados.
Um porta-voz da 'Task Force' Nacional COVID-19, Wiku Adisasmito, disse hoje que o fornecimento limitado de vacinas permanece um desafio e expressou a esperança de que mais 45 milhões de doses com chegada prevista para agosto melhorem a situação
Com 270 milhões de habitantes, a Indonésia garantiu pelo menos 151,8 milhões de doses de vacinas até ao final de julho. A grande maioria das doses -- 126,5 milhões -- é da farmacêutica chinesa Sinovac.
O número diário de mortes no país continuou a ultrapassar as mil nas últimas duas semanas.
O sistema de saúde está com dificuldades em lidar com a situação, e mesmo os doentes que têm a sorte de conseguir uma cama num hospital não têm oxigénio garantido.
Vários países anunciaram novas proibições ou restrições para viajantes procedentes da Indonésia, incluindo as vizinhas Singapura e Filipinas.
A Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, Omã, Taiwan e Hong Kong estão entre os países e territórios que colocaram a Indonésia na sua lista de proibição de viagens.
No total, a Indonésia registou até agora mais de 3,1 milhões de casos e 84.766 mortos -- números que se pensa serem muito inferiores aos reais, devido a testagem reduzida e medidas de diagnóstico insuficientes.