Washington exorta Teerão a retomar "rapidamente" negociações
Os Estados Unidos exortaram hoje o novo Presidente iraniano, Ebrahim Raïssi, a retomar "rapidamente" as negociações sobre o programa nuclear iraniano, suspensas nas últimas semanas.
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Mundo Acordo nuclear
"Para nós, esta é uma prioridade urgente. Este processo não pode continuar indefinidamente", disse o porta-voz da diplomacia norte-americana, Ned Price, aos jornalistas, recusando-se, porém, a apresentar a declaração como um ultimato.
"Exortamos o Irão a retornar à mesa de negociações rapidamente para tentar concluir o nosso trabalho. A nossa mensagem para o Presidente Raissi é a mesma que enviámos ao seu antecessor: Esperamos que o Irão agora aproveite a oportunidade para encontrar soluções diplomáticas", sublinhou Price.
O novo Presidente iraniano, ultraconservador, foi empossado hoje perante o parlamento, onde afirmou que estava aberto a "qualquer plano diplomático" para o levantamento das sanções, sobretudo norte-americanas, que prejudicam a economia do país.
No entanto, Raissi avisou que o Irão não cederá a "pressão e sanções".
Por seu lado, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse estar pronto para regressar ao acordo de 2015, que deveria impedir Teerão de adquirir a bomba atómica.
A saída dos Estados Unidos do acordo foi concretizada em 2018 pelo ex-Presidente norte-americano, Donald Trump, considerando que o Irão deveria respeitar as restrições ao seu programa nuclear.
Para salvar este texto, Washington terá de levantar as sanções contra o Irão, suspensas em 2015, mas restabelecidas na era Trump.
A República Islâmica assinou, em Viena, em 2015, um Plano de Ação Conjunto Global (PAGC, JCPOA em inglês) com o grupo 5 + 1 (China, Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha) no qual aceitou conter drasticamente as suas atividades nucleares em troca da flexibilização das sanções internacionais contra o país.
Este pacto esteve prestes a ser completamente rasgado quando Trump retirou unilateralmente o país do acordo, em maio de 2018, e restaurou sanções que mergulharam a República Islâmica numa recessão profunda.
Em resposta, o Irão deixou de cumprir, a partir de maio de 2019, a maioria dos principais compromissos assumidos em Viena.
Apesar das críticas dos ultraconservadores iranianos, Rohani reiterou a sua vontade de resolver diplomaticamente a crise causada pela saída dos Estados Unidos do acordo de Viena, dizendo que estava decidido a não perder "a oportunidade" que representa a mudança de Presidente de Donald Trump para Joe Biden.
O então Presidente do Irão admitiu que as sanções dos Estados Unidos dificultaram a compra de medicamentos e material de saúde ao estrangeiro, incluindo as vacinas contra a covid-19, necessárias para conter o pior surto do Médio Oriente.
A administração Trump impôs sanções que paralisaram a indústria - vital para o Irão - do petróleo e gás, mas também o setor bancário.
Devido à retirada unilateral em 2018 dos Estados Unidos do acordo de 2015, e à reposição de sanções, o Irão começou a violar alguns dos compromissos nucleares assumidos para pressionar os países europeus a garantir as suas vantagens económicas.
Segundo o dirigente do programa nuclear iraniano, o país passou a operar o dobro das centrifugadoras avançadas relativamente ao que Teerão assumia ter.
Uma centrifugadora IR-6 consegue produzir urânio 10 vezes mais depressa do que a primeira geração desta tecnologia (as IR-1), as únicas permitidas pelo pacto nuclear de 2015.
O acordo de 2015 prevê limitações técnicas significativas no programa nuclear do Irão -- como a quantidade de centrifugadoras para produção de urânio a utilizar por Teerão - para impedir que o país detenha bombas atómicas.
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