No sexto relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), divulgado hoje, os cientistas alertam que a temperatura global subirá 2,7 graus Celsius (ºC) em 2100, se se mantiver o atual ritmo de emissões de gases com efeito de estufa.
Os investigadores alertam no documento que o aumento das temperaturas será mais rápido do que o previsto no relatório de há rês anos e que os sorvedouros naturais de dióxido de carbono (CO2), como oceanos e florestas, estão a enfraquecer, e chamam a atenção para o aumento do nível do mar e para os desastres climáticos que o aquecimento global está a provocar.
Mirjam Wolfrum, diretora para o envolvimento político da CDP Europa, diz num comunicado a propósito do relatório que os pontos de rutura climática, desastrosos, se estão a aproximar rapidamente e que é preciso "uma ação urgente" se o mundo quiser ter alguma hipótese de limitar o aquecimento global a 1,5ºC e "mitigar os impactos mais catastróficos e irreversíveis das alterações climáticas".
"As conclusões do relatório não são surpreendentes. Da Finlândia à Turquia, os fenómenos climáticos extremos estão a proliferar. A Europa está a combater os incêndios florestais, as inundações catastróficas e o calor recorde. Isto está a acontecer a nível global, com inundações devastadoras na China e vagas de calor na América do Norte e na Sibéria causadas pelas alterações climáticas induzidas pelo homem", afirma no documento.
Até agora a temperatura já aumentou 1,2°C, com as consequências visíveis, mas com os atuais compromissos dos governos de redução de gases ela chegará a valores entre 2,9°C a 3,4°C, alerta Mirjam Wolfrum, salientando que na próxima reunião mundial sobre o clima (COP26), em Glasgow, "é fundamental mudar de rumo".
A responsável diz que empresas e instituições financeiras devem agir mais rapidamente, porque os atuais compromissos das empresas europeias poderão levar a um aumento de 2,7°C.
Governos, investidores e empresas têm de assegurar que as alterações climáticas não sejam tratadas isoladamente, porque o clima, diz, tem de ser abordado em conjunto com a proteção dos recursos naturais do planeta.
Afirmando que o aquecimento global já não pode ser visto como uma realidade distante, ou algo para as gerações futuras gerirem, Mirjam Wolfrum diz que ainda é possível atingir os 1,5°C, porque há soluções e tecnologias e porque "o capital está pronto a ser atribuído".
O relatório do IPCC hoje divulgado "deve ser um alerta final" para que as empresas, mercados de capitais, governos locais e decisores políticos europeus mudem de rumo, avisa.
A CDP (Carbon Disclosure Project, ou Disclosure Insight Action) é uma organização que ajuda empresas, cidades, estados e regiões a divulgar os seus impactos ambientais. Tem a maior base de dados ambientais do mundo e através da CDP mais de 10.000 organizações, a maior parte empresas, divulgam dados ambientais.
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