Myanmar. China em contraciclo com outras potências financia junta militar

A China vai financiar 21 projetos de desenvolvimento em Myanmar (antiga Birmânia) no valor de seis milhões de dólares (5,1 milhões de euros), no âmbito de um programa de cooperação firmado com a junta militar birmanesa, foi hoje divulgado.

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Lusa
11/08/2021 13:32 ‧ 11/08/2021 por Lusa

Mundo

Myanmar

Ao contrário de outras potências, como os Estados Unidos da América (EUA), o Reino Unido ou a União Europeia (UE), que condenaram o golpe de Estado conduzido pelas forças militares birmanesas em fevereiro passado e que decidiram impor sanções visando interesses específicos do exército birmanês, Pequim tem mantido uma postura recetiva em relação ao regime militar.

Ao abrigo do mecanismo de cooperação Lancang-Mekong, iniciado em 2016 e que integra seis países asiáticos (China, Camboja, Myanmar, Laos, Tailândia e Vietname), Pequim acordou com a junta militar o financiamento de projetos que abrangem diferentes áreas, como é o caso da vacinação de animais, proteção contra desastres naturais ou turismo, segundo noticiou hoje a imprensa oficial birmanesa.

Entre 2017 e 2020, a China investiu mais de 16,3 milhões de dólares (13,9 milhões de euros) em mais de 50 projetos de desenvolvimento em solo birmanês através deste mecanismo de cooperação, precisou o jornal The Global New Light of Myanmar, atualmente controlado pela junta militar.

A China, que há vários anos procura ampliar a sua influência em Myanmar através da abertura de oleodutos, da construção de portos ou do desenvolvimento de zonas económicas especiais, apresenta-se neste momento, a par da Rússia (o principal exportador de armas para o território birmanês), como um dos principais aliados do regime militar.

O exército de Myanmar justificou o golpe de Estado militar de 01 de fevereiro deste ano com supostas fraudes eleitorais durante as legislativas de novembro de 2020, cujo resultado deu a vitória à Liga Nacional para a Democracia, força política liderada pela ativista e Nobel da Paz Aung San Suu Kyi.

As eleições legislativas foram consideradas legais pelos observadores internacionais.

Desde então, Myanmar encontra-se numa situação de caos, com a economia paralisada e palco de manifestações e distúrbios fortemente reprimidos pelas forças militares e pela polícia birmanesa, que chegaram a disparar balas reais, além do recurso a gás lacrimogéneo, balas de borracha e granadas de choque, contra os manifestantes.

A par das manifestações, a contestação também tem sido expressa em greves conduzidas por milhares de trabalhadores do setor público em todo o país, que geraram problemas em várias áreas de atividade, incluindo saúde, banca, educação e indústria, e deixaram o sistema público à beira do colapso.

Segundo a Associação de Assistência a Presos Políticos (AAPP), a repressão da oposição birmanesa fez 945 mortos e mais de 7.130 pessoas foram detidas arbitrariamente.

Cerca de 200 mil pessoas foram igualmente forçadas a fugir de casa devido às ações militares em bairros e em localidades daquele país.

A profunda crise política e social desencadeada pelo golpe militar está a ser agravada pela disseminação descontrolada do novo coronavírus no país, cujo sistema de saúde está em colapso, segundo relatam as agências internacionais.

O líder da junta militar, Min Aung Hlaing, comprometeu-se recentemente a realizar novas eleições no país "até agosto de 2023", tendo justificado novamente o golpe de fevereiro com a suposta fraude eleitoral no escrutínio de novembro de 2020.

No passado dia 26 de julho, a junta militar anulou os resultados das eleições de novembro, alegando que mais de 11 milhões de casos de fraude tinham sido detetados, acusação que o partido de Aung San Suu Kyi negou.

Aung San Suu Kyi, de 76 anos, continua sob prisão domiciliária e foi acusada de vários delitos, incluindo corrupção e sedição, incorrendo em pesadas penas de prisão.

Leia Também: Novos protestos em Myanmar no aniversário da revolução de 1988

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