"Apesar da realidade de que é esperada a morte de mais um milhão de pessoas em todo o mundo até dezembro e de que muitos mais vivem com medo e sem hipótese de serem vacinados, os governos ocidentais estão agora a considerar dar uma dose de reforço das vacinas àqueles que já foram vacinados duas vezes. Numa altura de grande necessidade humana global, precisamos de definir claramente um forte argumento científico para dar terceiras doses", pode ler-se num artigo de opinião publicado esta sexta-feira no britânico Guardian.
O texto, assinado em conjunto por Andrew Pollard, diretor do Oxford Vaccine Group, conhecido como o criador da AstraZeneca, e Seth Berkley, diretor da Aliança Global de Vacinas (Gavi), chama a atenção para o "triunfo da ciência" que foi a vacina e sobre a responsabilidade que a sua administração acarreta.
"As razões científicas e de saúde pública para um reforço em larga escala estão incompletas e pouco claras", indicam os especialistas. "Este é um momento-chave para os líderes. Um reforço da vacina em larga-escala num país rico enviará um sinal a todo o mundo de que o reforço é necessário em todo o lado".
O texto continua explicando que se "milhões de pessoas receberem reforço na ausência de uma forte razão científica, a história irá lembrar o momento em que os líderes políticos decidiram rejeitar a responsabilidade para com o resto da humanidade no maior momento de crise das nossas vidas".
"Uma vez que temos duas doses e o luxo do tempo do nosso lado, não devíamos apressar-nos a reforçar milhões de pessoas, enquanto o tempo se esgota para aqueles que não têm nada. Primeiras doses, primeiro. É assim simples", termina o artigo.
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