Direita francesa com muitos candidatos procura "voz" para presidenciais
A direita francesa tem, pelo menos, seis candidatos a Presidente da República, embora, até agora nenhum se tenha imposto como candidato natural ou a voz legítima do partido que se tem reconstruído desde 2017 com bons resultados.
© Reuters
Mundo França
"O problema na direita não é a falta de candidatos. O problema é a falta de uma voz legítima que se afirme no meio de tantos candidatos", disse à agência Lusa Benjamin Morel, professor da Universidade Pantheon-Assas.
A poucos meses das eleições presidenciais em França, que se realizam no mês de abril, à direita, representada em grande parte pelo partido Os Republicanos, há seis possíveis candidatos a defrontar Emmanuel Macron pelo Eliseu.
Desde logo, Xavier Bertrand, presidente da região Hauts-de-France, e que foi o primeiro candidato a deixar clara a sua candidatura mesmo antes das eleições regionais que decorreram em junho. E há ainda Valérie Pécresse, presidente da região Île-deFrance, que tem aproveitado o verão para uma pré-campanha por todo o país.
Também Laurent Wauquiez, ex-líder do partido e presidente da região Auvergne-Rhône-Alpes, Michel Barnier, ex-negociador da União Europeia para o 'Brexit', Bruno Retailleau, líder dos senadores de direita e o médico Philippe Juvin, que é também autarca na região parisiense, estão na corrida.
O problema da direita é como encontrar o candidato ideal para chegar ao poder. Morel defende que o caminho tradicional de uma primária pode não beneficiar o partido.
"A direita, que potencialmente vai votar numa primária da direita, está mais próxima de Bruno Retailleau do que de Valérie Pécresse ou Xavier Bertrand. E ao nível nacional, Retailleau pode não ser um candidato tão bom", explicou o politólogo.
Exceto Xavier Bertrand, que diz avançar mesmo sem qualquer apoio da sua família partidária - família afastada, já que no final de 2017, Bertrand saiu de Os Republicanos -, os outros candidatos reuniram-se em julho para mostrar que estariam disponíveis para um plebiscito interno.
"Para mim vai haver uma primária da direita e centro para esta eleição porque não há um único candidato natural, como aconteceu com Chirac ou Sarkozy. Tivemos excelentes resultados nas regionais, com bons presidentes de região", disse o lusodescendente Geoffrey Carvalhinho, autarca em Pantin, na região parisiense, e próximo de Valérie Pécresse.
Em 2016, o vencedor da primária da direita e candidato às presidenciais foi o antigo primeiro-ministro François Fillon. As sondagens davam-no na segunda volta, até se saber que durante vários anos, Fillon empregou a mulher e os filhos enquanto deputado na Assembleia Nacional, desacreditando-o.
Sem primárias e com vários candidatos à direita, Geoffrey Carvalhinho considera que "a derrota é certa", já que vai dividir o eleitorado já fraturado devido ao aparecimento do partido República em Marcha, de Emmanuel Macron.
Para Geoffrey Carvalhinho, Pécresse é a candidata ideal já que "a França precisa de uma mulher no poder e ela mostrou à frente de Île-de-France que atinge sempre os seus objetivos" quer seja a nível social, económico ou ecológico.
A vantagem da direita, ao contrário da esquerda, é que é uma família política onde o eleitorado se reúne à volta do escolhido ou da escolhida.
"A grande diferença entre o eleitorado à esquerda e à direita, é que os eleitores de direita são mais velhos que votaram em Chirac, Sarkozy e que tem uma tradição política de se reunir à volta de um candidato", sublinhou Benjamin Morel.
Os resultados das regionais, nas quais a direita manteve os seus bastiões, também estão a motivar os eleitores.
"A direita está mais motivada, porque à direita há mais vontade de nos reunirmos à volta de um candidato", concluiu Carvalhinho.
No fim de setembro, Os Republicanos vão reunir-se em congresso para definir as modalidades da primária que deve acontecer em outubro, seis meses antes das eleições presidenciais de 2022.
Leia Também: 85% dos franceses internados nos cuidados intensivos não estão vacinados
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com