"Quase todo o pessoal da embaixada foi transferido para um local no aeroporto Hamid Karzai. A bandeira americana foi retirada do recinto da embaixada dos Estados Unidos e posta em segurança", disse um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, citado pela agência France-Presse (AFP).
O embaixador dos Estados Unidos no Afeganistão, Ross Wilson, também está no aeroporto, segundo a mesma fonte.
O exército norte-americano assumiu o controlo do tráfego aéreo no aeroporto, "para permitir a partida segura do pessoal norte-americano e aliado no Afeganistão em voos civis e militares", indicaram o Departamento de Estado e o Pentágono, em comunicado conjunto.
"Durante as próximas 48 horas, teremos expandido a nossa presença de segurança para cerca de 6.000 tropas, com uma missão centrada unicamente em facilitar estes esforços", afirma-se no comunicado.
Nos próximos dias, os Estados Unidos deverão "realojar milhares de cidadãos norte-americanos que residiam no Afeganistão, bem como funcionários locais da missão dos EUA em Cabul e respetivas famílias, e outros afegãos particularmente vulneráveis", acrescenta-se na nota.
Cerca de 2.000 afegãos elegíveis para o programa especial de imigração chegaram aos Estados Unidos nas últimas duas semanas.
A retirada de milhares de pessoas elegíveis para o programa será "acelerada", disse o Departamento de Estado.
Os afegãos que já tenham passado os controlos de segurança serão enviados diretamente para os EUA, com o processo a ser conduzido "noutros locais" para aqueles que ainda não tenham completado a verificação.
O Presidente norte-americano, Joe Biden, decidiu no domingo enviar mais mil soldados para Cabul para reforçar a segurança da retirada de milhares de civis norte-americanos e afegãos, indicou o Pentágono, após os talibãs terem tomado o controlo do Afeganistão.
No total, 6.000 soldados dos Estados Unidos chegarão à capital afegã "nos próximos dias", precisou um responsável do Pentágono, que pediu o anonimato, enquanto as imagens de pânico no aeroporto de Cabul se multiplicam nas redes sociais.
"Várias centenas" de funcionários da embaixada dos Estados Unidos em Cabul já deixaram o Afeganistão, segundo outro responsável do Pentágono.
O Pentágono estima em 30.000 o número total de pessoas a retirar do país, entre diplomatas e outros cidadãos norte-americanos ou afegãos que ajudaram os Estados Unidos e temem agora pela vida.
A chegada dos talibãs a Cabul precipitou a saída do país de Ashraf Ghani, após terem tomado o controlo de 28 das 34 capitais provinciais em dez dias, e sem grande resistência das forças de segurança governamentais, no âmbito de uma grande ofensiva iniciada em maio -- altura em que começou a retirada das tropas norte-americanas e da NATO do país, que deverá ficar concluída no final deste mês.
Um porta-voz do movimento islâmico radical, que governou no Afeganistão entre 1996 e 2001, disse à televisão pública britânica BBC que os talibãs pretendem assumir o poder no Afeganistão "nos próximos dias", através de uma "transição pacífica", 20 anos após terem sido derrubados por uma coligação liderada pelos Estados Unidos, pela sua recusa em entregar o líder da Al-Qaida, Usama bin Laden, após os atentados de 11 de setembro de 2001.
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