"Desde o dia 15 de agosto que pedimos para que sejam retiradas rapidamente as juízas afegãs que foram particularmente ameaçadas depois de o país ter caído nas mãos dos talibãs", disse a presidente do USM, Céline Parisot, a rádio Europe 1.
"Até ao momento a resposta que recebemos foi a de que devemos identificar as mulheres", disse a presidente da principal estrutura sindical dos magistrados de França.
"Algumas recusam-se a fugir, mas a maior parte, infelizmente, tem de sair do país contra a própria vontade porque contribuíram para a democracia. Elas esperavam uma melhoria da situação no país, mas, infelizmente ,veem que hoje isso não vai ser possível e que o retrocesso vai ser extremamente rápido e brutal", disse Parisot.
"Na verdade, os talibãs não toleram as mulheres que exercem uma profissão de poder" acrescentou.
"Elas (magistradas afegãs) estão a receber ameaças. Alguns de nossos colegas já morreram em ataques. Não são só mulheres, obviamente também há homens, mas ser mulher frente aos talibãs é muito pior", lamentou.
"As pessoas que foram condenadas pelos nossos colegas afegãos foram libertadas pelos talibãs, que abriram as prisões. Por isso, é extremamente difícil para eles (juízes). Nunca mais podem exercer em segurança", disse Parisot, frisando que os reclusos libertados podem "vingar-se".
A França estabeleceu uma ponte aérea para retirar franceses e afegãos do país, tendo o primeiro voo transportado sobretudo cidadãos franceses.
Os primeiros cidadãos afegãos resgatados pelo Estado francês chegaram na quarta-feira a Paris a bordo de um avião militar que transportava 200 passageiros.
O Governo de França prevê realizar mais voos a partir do aeroporto militar de Cabul durante os próximos dias.
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