Em declarações aos jornalistas, momentos antes de viajar para o Brasil, em visita oficial de cinco dias, Sissoco Embaló afirmou que a existir algum crime praticado por António Indjai, este terá de ser julgado na Guiné-Bissau.
"As acusações de crimes contra António Indjai têm validade apenas nos Estados Unidos da América, não na Guiné-Bissau. Nenhum cidadão guineense será capturado no país para ser julgado noutra parte do mundo. Se um cidadão guineense cometer algum crime, o que deveriam fazer é notificar as autoridades da Guiné-Bissau", disse Embaló.
O departamento de Estado norte-americano acusou, na semana passada, António Indjai de envolvimento no "narco-terrorismo, conspiração para importar cocaína, conspiração para fornecer apoio material a uma organização terrorista estrangeira e conspiração para adquirir e transferir mísseis antiaéreos para os rebeldes de FARC da Colômbia".
Os EUA colocaram à disposição de quem fornecer informações que levem à captura de Indjai, uma soma de cinco milhões de dólares americanos.
"Os americanos sabem que o general António Indjai é guineense e está na Guiné-Bissau", frisou Umaro Sissoco Embaló, salientando que as acusações contra o general também afetam a imagem do país.
Embaló notou que os dois países não são signatários do tratado de Roma.
"A Guiné-Bissau é um Estado como os Estados Unidos da América. Se o general Indjai cometer na verdade os crimes de que está a ser imputado e se os mesmos forem provados, podemos julgar o António Indjai na Guiné-Bissau sem problema" assegurou, recordando que tanto a Guiné-Bissau quanto os EUA não ratificaram o tratado de Roma.
"O cidadão norte-americano não é extraditado para outros países, é da mesma forma que não permitiremos também que os cidadãos guineenses sejam extraditados para outros países. António Indjai é livre de circular em todo o território nacional na Guiné-Bissau", afirmou o Presidente guineense.
Umaro Sissoco Embaló disse já ter instruído o Ministério dos Negócios Estrangeiros do país para pedir "explicações claras" ao Governo norte-americano sobre a situação de António Indjai.
"O Estados Unidos não têm o direito de colocar a prémio a cabeça de António Indjai por cinco milhões de dólares, porque o general Indjai não é terrorista", observou Sissoco Embaló, salientando ainda que, a existir qualquer acusação, as autoridades judiciais deveriam ser contactadas, assim como a Interpol.
O Presidente guineense fez um paralelismo com Bubo Na Tchuto, antigo chefe da Armada guineense, capturado, julgado, condenado e detido nos Estados Unidos entre de abril 2013 e outubro de 2016, com a situação de António Indjai, também acusado de narcotráfico.
"Vimos a situação de género que passou com Bubo Na Tchuto, mas isto já faz parte do passado. António Indjai vai circular livremente no país. Creio que ninguém ousará vir ao nosso país teimosamente para capturá-lo", enfatizou Embaló.
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