Treze dos 15 Estados-membros votaram a favor do texto redigido pelos Estados Unidos da América (EUA), França e Reino Unido, enquanto a China e a Rússia abstiveram-se.
Na resolução, o Conselho de Segurança da ONU afirma que "espera" que os talibãs mantenham todos os seus "compromissos" no que diz respeito a uma partida "segura" e "ordeira" do Afeganistão de "afegãos e estrangeiros", depois da retirada das tropas dos EUA, que deverá ficar concluída na terça-feira.
Por seu lado, o documento não faz referência à "zona segura", ou zona protegida, em Cabul, mencionada pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, no domingo.
Questionados hoje, diplomatas na ONU disseram que não está prevista uma "área protegida", mas sim responsabilizar os talibãs pelos seus compromissos em permitir a "passagem segura" das pessoas.
"Esta resolução não é operacional, trata principalmente de princípios, mensagens políticas fundamentais e advertências", disse um dos diplomatas.
Segundo Richard Gowan, especialista da ONU na organização de prevenção de conflitos International Crisis Group, a resolução "envia uma mensagem política aos talibãs sobre a necessidade de manter o aeroporto aberto e de ajudar as Nações Unidas a canalizar a ajuda".
Mas, no global, "o texto é bastante leve" e "Macron errou ao exagerar a ideia de uma área protegida no aeroporto de Cabul", disse à agência de notícias AFP.
A reunião de hoje do Conselho de Segurança da ONU, em que a situação no Afeganistão era o único ponto da agenda, foi convocada pelo secretário-geral da organização, António Guterres, na sequência do ataque perpetrado pelo ramo afegão do grupo 'jihiadista' Estado Islâmico na passada quinta-feira em Cabul.
O ataque, com um bombista suicida, ocorreu num dos portões de entrada do aeroporto de Cabul, onde se aglomeram milhares de afegãos tentando fugir do país antes do final da ponte aérea organizada pelos Estados Unidos e seus parceiros da NATO, marcada para esta terça-feira.
Mais de 170 pessoas morreram no atentado suicida, segundo um balanço de fontes sanitárias, desconhecendo-se o número oficial.
Os Estados Unidos e os seus aliados invadiram o Afeganistão em outubro de 2001, depois de os talibãs se terem recusado a entregar o então líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, considerado o principal responsável pelos ataques terroristas de 11 de setembro, que tinham acolhido no país.
A invasão também pôs fim ao primeiro governo dos talibãs (1996-2001), que regressaram ao poder no passado dia 15 de agosto, após uma ofensiva que coincidiu com o início da retirada das forças internacionais.
A operação de retirada dos militares dos Estados Unidos terá de estar concluída até esta terça-feira.
Milhares de afegãos com medo dos talibãs têm afluído diariamente ao aeroporto de Cabul desde 15 de agosto, de onde as forças internacionais retiraram mais de 100.000 pessoas desde então.
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